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Carros novos chegam com preço menor que os antigos

Pela primeira vez, montadoras deixam de aproveitar mudança de ano para reajustar preços

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A estratégia adotada pelas montadoras brasileiras, durante vários anos, de aproveitar a mudança de linha para reajustar preços dos carros, mesmo com pouca ou nenhuma alteração em relação ao modelo anterior está sendo abandonada. Hoje, ocorre o oposto. Mesmo com novo desenho e mais equipamentos, muitos dos modelos 2010 estão chegando ao mercado mais baratos que a linha 2009. O Fiesta 2010, que será lançado pela Ford nesta semana, terá preço médio entre 3% a 4% inferior ao da linha atual, o que representará uma economia média de R$ 1,3 mil a R$ 1,5 mil. Há casos em que a versão ficará até 6% mais barata, como a Fly, que terá preço sugerido de R$ 32,2 mil, R$ 2 mil a menos que a versão da linha 2009. A estratégia foi usada também na recém-lançada picape Ranger, cuja versão top, que custava R$ 103,9 mil, teve o preço reduzido em R$ 7,2 mil na versão 2010, mesmo com a incorporação de itens como vidros com sensor antiesmagamento e sistema de travamento das portas por controle remoto. "Conseguimos melhorar a eficiência na produção e na engenharia, além de usar novos tipos de matérias-primas", explica o presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira. A estratégia já foi adotada anteriormente por diferentes marcas, mas este ano se intensificou. O corte de preços também é a arma das fabricantes para reposicionar seus produtos no mercado para ganhar espaço de concorrentes ou manter a posição já conquistada. Com a mudança de linha ocorrendo cada vez mais cedo, manter ou reduzir preços também faz parte da disputa por participação no mercado. A Fiat iniciou em janeiro a introdução de modelos já classificados como 2010. Antes, essa mudança era feita por todas as marcas só no segundo semestre. Segundo a Fiat, da linha de 38 automóveis da marca, 21 tiveram redução de preço ao longo deste ano, sem contar o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vale para todas as marcas. Um deles foi o Siena Fire, que ganhou motor mais eficiente, chamado de Economy, mas o preço sugerido pela fábrica baixou de R$ 28,9 mil para R$ 26,7 mil. Mille, Punto e Palio Weekend, porém, ficaram mais caros. Ao apresentar em maio a linha 2010, a Volkswagen promoveu queda de preços em vários modelos. O Fox 1.0 passou a custar R$ 30,1 mil, R$ 1,05 mil a menos que a linha anterior. O Polo ficou R$ 1 mil mais barato (R$ 40,1 mil), apesar de a capacidade do tanque de combustível ter sido ampliada de 45 para 50 litros. O preço do Golf 1.6 baixou de R$ 49,7 mil para R$ 47,2 mil, uma diferença de R$ 2,5 mil. Já Gol e Voyage ficaram mais caros. A Volkswagen informa que, ao adotar itens que antes eram opcionais em todos os modelos, obteve escala maior e, com isso, conseguiu reduzir os preços ao consumidor. A General Motors foi a única entre as quatro maiores montadoras do País a não seguir a estratégia de preços mais baixos para a linha mais nova. Só o modelo Astra 2010 manteve o preço da versão anterior, de R$ 44,6 mil. Mas recebeu um motor mais potente - de 140 cv, ante 127 cv no modelo antigo - e ar condicionado digital (antes, era manual), entre outros itens. Oliveira, da Ford, diz que custos operacionais de produção, como matéria-prima e mão de obra, continuam subindo, mas reforça que a combinação de novos materiais com "a maior eficiência na produção e na engenharia e maior escala, estão ajudando as empresas a reduzirem custos". Entre materiais alternativos adotados pela Ford estão alumínio reciclado, usado em cabeçotes, garrafas PET, usadas nos carpetes, e fibras de sisal, em várias peças internas.

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