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'Cartão é ótimo, mas eu não consigo usar'

Contadora exagerou no consumo e precisou de ajuda psicológica para reorganizar as finanças

Por Hugo Passarelli
Atualização:

Luciana Paixão, 33 anos, é contadora, mas a familiaridade com os números não evitou que se endividasse pesadamente com cartão de crédito. Ela chegou a ter mais de R$ 8 mil de dívidas no cartão, limite do banco e empréstimo pessoal. Luciana cobria as dívidas de uma modalidade com o dinheiro da outra. Hoje, depois de ter "quebrado" três vezes, ela se orgulha de dizer que paga tudo com dinheiro. "Hoje eu vivo à vista. Faço tudo o que fazia antes, mas com planejamento."Os problemas começaram em 2004, quando ela ainda cursava a faculdade. Os maiores gastos eram com roupas e saídas com os amigos. Para ela, o parcelamento dos gastos foi o vilão. "Você perde o controle", diz. Muitas vezes, conta, a solução era pagar o valor mínimo da fatura e não gastar mais no mês seguinte. "Mas eu acabava gastando."No fim de 2008, ela planejava fazer um intercâmbio para Nova York, mas teve de desistir do sonho e usar o dinheiro recebido pela rescisão do antigo emprego para quitar novas dívidas. Nesse período, Luciana chegou a frequentar os Devedores Anônimos, grupo de apoio para quem gasta compulsivamente. "Lá você consegue auxílio e vê que outras pessoas têm o mesmo problema", diz.A tentativa de recuperação não durou muito tempo. No ano passado, ela voltou a se complicar com o uso do cartão e, aí sim, decidiu deixar de usá-lo. "Cartão é ótimo para quem é controlado e sabe usar. Eu não consigo."Para sair da "ignorância financeira", como ela classifica, a contadora fez cursos para aprender a controlar o orçamento e, ainda assim, deixa o cartão na casa de uma tia, que mora a cerca de meia hora de sua casa. Das complicações financeiras anteriores, restou apenas o parcelamento de uma mesa, cujas mensalidades, de R$ 39,90, terminam em agosto.O problema de fato parece superado. Hoje, ela reserva R$ 200 por mês para aplicar em um fundo de investimento. Luciana também quer ajudar pessoas com dificuldade financeira, a partir da criação de um clube de investimento, por meio do blog Mulheres Investidoras, recém-criado. "Antes, achava que precisava me endividar para ter algo. Não é verdade."

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