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Cartões levam classes A e B para Casas Bahia

Por Agencia Estado
Atualização:

Sinal dos tempos. A Casas Bahia já não é mais a mesma. A rede de lojas está atraindo novos tipos de clientes, de outras classes de renda. Após anos vendendo a prazo com carnê, que só pode ser pago na própria loja, a rede adentrou em outro mundo quando começou a trabalhar com cartão de crédito, no ano passado. A nova opção de pagamento atraiu para as lojas consumidores que antes faziam pouco caso, principalmente por resistência ao carnê. Esse tipo de cliente já responde hoje por 10% do faturamento da rede. São pessoas com maior capacidade de compra, pertencentes às classes A e B e que têm o pagamento com cartão incorporado à rotina. A aceitação, que já completou um ano, motivou até a elevação do tíquete médio de R$ 350 para R$ 450, aproximadamente. "Abrimos uma nova frente", disse o diretor administrativo-financeiro Michel Klein. A intenção da Casas Bahia quando resolveu adotar os meios eletrônicos de pagamento, no entanto, não era essa. A atração dos clientes de maior poder aquisitivo foi um efeito indireto da medida que visava simplesmente atender ao pedido dos clientes tradicionais que se tornaram portadores do plástico graças às agressivas ações das empresas de cartão em atingir consumidores de renda menor. À época, 90% das vendas eram feitas pelo crediário. Hoje são 83%, mostrando que o cartão mordeu uma fatia das compras a prazo. A inclusão de um novo tipo de cliente à carteira motivou também, como já era esperada, a mudança do mix de produtos. Itens de maior valor agregado entraram no mostruário, a fim justamente de atender à nova demanda. Hoje, em cerca de 50 das 350 lojas da Casas Bahia, é possível encontrar televisores de plasma, cujo preço chega a R$ 20 mil, microcomputadores de até R$ 3 mil e os modelos de celulares mais caros, além dos itens de linha branca considerados top de linha. Klein explica que, obviamente, é uma estratégia que deverá ficar restrita a algumas lojas. Em pontos-de-venda de periferia, por exemplo, ela não se justificaria, pois a empresa não tem intenção de mudar o foco das classes C, D e E, com quem desenvolveu grande experiência de atuação desde sua fundação, há mais de 50 anos. Há, contudo, segundo ele, outras unidades com potencial de assumir o novo padrão. "É uma tendência com possibilidade de expansão em razão do retorno gerado", explicou. Do universo de 50 lojas que está recebendo clientes das classes mais altas, cerca de 35 estão dentro de shoppings. As demais foram escolhidas a dedo em razão do perfil da região. Nelas não há apenas produtos eletrônicos ou eletrodomésticos de alto grau de sofisticação. De acordo com Klein, entre os clientes de maior poder aquisitivo está havendo grande aceitação também de móveis de padrão mais elevado e até de cozinhas planejadas. A Casas Bahia está trabalhando ainda com confecções em lojas de áreas maiores. Já são 30 unidades que vendem roupas clássicas, calçados e artigos de cama, mesa e banho. A finalidade, de acordo com Klein, é aproveitar as áreas de venda disponíveis. A loja da Rua 24 de Maio (centro de São Paulo) e outras unidades de São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo (ABC paulista) já apresentam os produtos. O público-alvo, no entanto, é o tradicional: as classes C, D e E.

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