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Casa Branca está 'aberta' à idéia de 2º pacote de resgate

Presidência dos EUA não garantiu, porém, que considere plano necessário ou que estude projeto em particular

Por Regina Cardeal e da Agência Estado
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A Casa Branca reiterou que está aberta à idéia de outro pacote de estímulo econômico, mas não garantiu que considere o plano necessário ou que estude algum projeto em particular. Mais cedo nesta segunda-feira, 20,o presidente do Federal Reserve (o banco central norte-americano), Ben Bernanke, defendeu que uma segunda rodada de estímulo fiscal "significativo" limitaria o risco de uma desaceleração prolongada da economia dos EUA.   Veja também: Bernanke apóia segundo pacote de estímulo à economia País deve ficar de 'antena ligada', diz Lula sobre a crise Consultor responde a dúvidas sobre crise   Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira  Dicionário da crise     Ao jogar seu peso em defesa de um segundo pacote, Bernanke reverteu sua posição de três meses atrás. O presidente do Fed, cujo apoio foi fundamental para a aprovação do primeiro pacote de estímulo de US$ 168 bilhões este ano, relutou em julho em apoiar uma segunda rodada de medidas, afirmando aos Congressistas que era "um pouco cedo" para considerar um segundo pacote. Nesta segunda, no entanto, em discurso ao Comitê de Orçamento da Câmara dos EUA, Bernanke afirmou que, "com a economia provavelmente fraca por vários trimestres e com algum risco de uma desaceleração prolongada, a consideração de um pacote fiscal pelo Congresso neste momento parece adequada".   Bernanke sugeriu, porém, muitas condições para a adoção de um novo pacote. Qualquer estímulo deve ser "bem direcionado a um alvo" e centrar foco em formas de "ajudar a melhorar o acesso ao crédito pelos consumidores, proprietários de residências, empresas e outros tomadores de crédito", disse. Segundo Bernanke, "qualquer programa deve ser projetado, na medida do possível, para limitar os efeitos de longo prazo sobre o déficit estrutural do orçamento do governo federal".   Os democratas estão propondo um pacote de estímulo de até US$ 300 bilhões voltado para gastos com infra-estrutura, ajuda aos Estados, auxílio alimentação e desemprego. A Casa Branca até agora reagiu friamente às propostas democratas. "O que os líderes no Congresso, os democratas, apresentaram até agora foram elementos de um pacote que não achamos que, de fato, estimularia a economia; portanto, queremos olhar a tudo com muito cuidado", disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, nesta segunda.   "Continuamos conversando com membros do Congresso e estamos abertos a idéias - tanto de democratas quanto de republicanos - que estimulem a economia e nos ajudam a superar a desaceleração o quanto antes", disse Perino a bordo do avião presidencial Air Force One. Ela afirmou que a Casa Branca avaliará as propostas antes de decidir sobre o mérito da questão. Perguntada se o presidente George W. Bush agora acredita que uma nova rodada de estímulo seja necessária, Perino evitou responder, afirmando apenas que Bush decidirá depois de consultar seus assessores econômicos e estudar as propostas dos congressistas.   Autoridades do Fed, incluindo os presidentes das distritais de Richmond, Jeffrey Lacker, e de São Francisco, Janet Yellen, já sinalizaram que acreditam que a economia norte-americano esteja em recessão. Bernanke não foi tão longe hoje, afirmando, em vez disso, que o ritmo da atividade "deve ficar abaixo do potencial de longo prazo por vários trimestres".   Os dados econômicos divulgados recentemente nos EUA indicam que aumentaram as chances de uma recessão, ao mesmo tempo em que as preocupações com a inflação diminuíram. Os preços ao consumidor ficaram estáveis em setembro, segundo os números anunciados pelo governo na quinta-feira. Foi o segundo mês seguido em que os preços não subiram. Bernanke disse hoje que espera que a inflação se modere rumo "a níveis consistentes com a estabilidade de preços".   Varejo   Enquanto isso, uma forte queda nas vendas no varejo em setembro sugere que os dados do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre vão mostrar uma contração, disseram economistas em Wall Street. Neste cenário, acredita-se que o Fed vá reduzir a meta da taxa dos Fed Funds - que determinam o juro nos empréstimos interbancários - na reunião dos próximos dias 28 e 29. Há menos de duas semanas, o Fed, em coordenação com outros grandes bancos centrais, cortou a taxa meio ponto porcentual, o que deixou o juro do Fed Fund em 1,5%.   Embora as declarações de Bernanke hoje tenham sido centradas mais no que o Congresso pode fazer para melhorar as perspectivas de crescimento da economia, seus comentários na semana passada sugeriram que o Fed está aberto para mais cortes no juro. "Não desistiremos enquanto não tivermos atingido nossos objetivos de consertar e reformar nosso sistema financeiro e restaurar a prosperidade", disse Bernanke na última quarta-feira.   Hoje, Bernanke disse ver "alguns sinais encorajadores" das medidas anunciadas no últimos dias pelo Fed, Tesouro e agência federal que garante os depósitos bancários FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) para reativar os mercados de crédito, embora seja "muito cedo para avaliar totalmente seus efeitos".   A estabilização do mercado financeiro, "embora um primeiro passo essencial, não vai eliminar rapidamente os desafios que a economia mais ampla ainda enfrenta", alertou Bernanke, destacando que os mercados de moradia "continuam deprimidos" e que a queda nas vendas de veículos "foi particularmente forte".   Bernanke disse que uma estabilização dos mercados financeiros e "o estímulo dado pela política monetária" deverão, por fim, ajudar a economia a voltar ao caminho do crescimento sólido. No entanto, "a incerteza que atualmente envolve o cenário econômico é incomumente grande", disse.

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