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Casamentos aquecem retomada nos EUA após parada forçada pela pandemia

Volta de eventos tem movimentado o setor, com organizadores relatando dificuldades para encontrar fornecedores; no entanto, ritmo deve cair após pico pela demanda reprimida

Por Jeanna Smialek
Atualização:

Meg Van Dyke, que administra uma empresa de planejamento de casamentos em Pittsburgh, passou a noite de uma semana recente ligando para fotógrafos para um casamento em maio. Todos os oito que se enquadravam nos critérios de seus clientes estavam reservados. “Nunca tive problemas em encontrar fornecedores antes”, ela disse. “É absolutamente incrível.”

Os casamentos estão voltando a acontecer outra vez depois de uma parada forçada pela pandemia, levando à falta de locais disponíveis para reserva, escassez de fotógrafos e ao aumento nos preços dos serviços de bufê. Conforme a demanda aumenta, ela está proporcionando uma sacudida adicional de gastos à economia americana.

Para 2022, é previsto o maior nível de casamentos desde os anos 80 nos Estados Unidos. Foto: Ilana Panich-Linsman/The New York Times - 7/8/2021

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A corrida ao altar é uma recompensa depois de um ano perdido de cerimônias. À medida que os lockdowns tomavam conta dos Estados Unidos, os casamentos diminuíam abruptamente no início da pandemia. Shane McMurray, fundador do site The Wedding Report, estima que 1,3 milhão de casamentos aconteceram no país no último ano, em comparação com os habituais 2,1 milhões. Sendo frequentemente “microcasamentos”, de acordo com pessoas do setor, com apenas um punhado de convidados, quando havia algum presente.

Essa é uma reviravolta considerável. O setor de casamentos não voltou completamente ao normal em 2021, mas está se recuperando rapidamente e McMurray prevê que no próximo ano o número de eventos vá saltar para o maior nível desde os anos 80, quando aqueles que esperaram até o fim da pandemia finalmente subirão ao altar.

Assim que essa demanda reprimida terminar, ele acredita que as tendências de longa data, como dividir um teto sem casamento, passem a dominar. Muitos economistas concordam. “Minha intuição, de imediato, é que este não é um boom de casamentos; este é um boom de festas de casamentos ”, disse Jessamyn Schaller, economista do Claremont McKenna College, na Califórnia.

Escassez de fotógrafos já é uma realidade para o setor de eventos nos EUA - o que é animador. Foto: Ilana Panich-Linsman/The New York Times - 7/8/2021

Ela acrescentou que, mesmo com esse maior número a curto prazo, provavelmente haveria menos casamentos do que teria ocorrido se a pandemia nunca tivesse acontecido. 

Em outras palavras, o boom de casamentos é provavelmente algo passageiro. O número de casamentos vêm caindo há décadas e atingiu uma queda recorde de 6,1 a cada mil pessoas em 2019, ante 8,2 em 2000. Mas Adam Ozimek, economista-chefe do site de empregos autônomos Upwork, acha que muitos economistas talvez estejam tendo uma visão muito simplória da capacidade da pandemia de colocar os Estados Unidos em uma trajetória social diferente. Ele não sinalizou para um grande aumento no número de casamentos, mas acha que os adultos mais jovens podem mudar de comportamento após a crise.

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Poupança

As pessoas economizaram muito dinheiro durante a pandemia, graças aos longos meses em casa, ao mercado de ações em alta e aos repetidos cheques de ajuda financeira do governo americano. O trabalho remoto e a mudança para mais pessoas trabalhando de casa apresentaram uma nova flexibilidade geográfica para muitos jovens.

Recuperação é bem-vinda para alguns fornecedores que viram as atividades diminuírem na pandemia. Foto: Ilana Panich-Linsman/The New York Times - 7/8/2021

Os millennials que tinham atrasado a compra de uma casa, por exemplo, agora talvez tenham uma oportunidade. “Essa é uma receita muito boa para uma estruturação de lar mais forte”, disse Ozimek, referindo-se ao que acontece quando os adultos se mudam por conta própria ou vão morar com parceiros em vez dos pais, ou, em alguns casos, colegas com quem dividem a casa. “Você pode comprar sua própria casa, começar sua própria família.”

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Se isso acontecer em qualquer escala considerável, terá grandes implicações para a economia. Os millennials compõem a maior geração dos Estados Unidos. Qualquer mudança nas taxas de casas próprias, casamento ou nascimento entre esse grupo aumentaria os gastos com tudo, desde churrasqueiras externas e máquinas de lavar até creches. Mas levará anos para ver se a pandemia representou algum tipo de mudança na vida da família americana.

O que está claro agora é que ela atrasou as cerimônias, aumentando os gastos de curto prazo com bolos, porcelanas, vestidos, cabelo, maquiagem e fotógrafos – uma fonte de gargalos, mas também uma recuperação bem-vinda para alguns fornecedores que viram as atividades diminuírem vertiginosamente em meio aos lockdowns. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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