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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Casas inteligentes

Imaginadas por Bill Gates há 20 anos, as casas inteligentes já existem – e até cabem no bolso

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Houve um período, em 1997, no qual o assunto favorito da imprensa de tecnologia foi a casa inteligente para a qual Bill Gates estava se mudando. Demorou sete anos para ser construída e tinha capacidades incríveis. Controlava o nível de luz e a temperatura ambiente conforme as pessoas se moviam de uma sala para a outra. A música também seguia os donos de um canto ao outro, ligando e desligando caixas de som em cada quarto. Esta semana, Mark Zuckerberg apresentou a sua casa inteligente. Faz, quase 20 anos depois, mais ou menos a mesma coisa.

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Ou quase. Afinal, duas décadas fazem diferença.

Todo ano, como bom geek metódico e obsessivo que é, Zuckerberg se impõe um desafio pessoal. Em 2015, foi ler um livro por semana a respeito de visões de mundo, outras culturas. Em 2010, aprender mandarim, a língua de sua mulher. Em 2011 só comeu animais que ele próprio matou. De resto, vegetais. O fundador do Facebook leva a ideia de resoluções de ano novo muito a sério. No ano de 2016, decidiu dar inteligência a sua casa escrevendo o código de um app para celular e um sistema que aprende com os usos dos moradores.

Gates gastou, a construção de sua casa, US$ 123 milhões. Boa parte foi no prédio, claro. É uma mansão respeitável. Mas o sistema que dá inteligência à moradia foi uma boa fortuna. Hoje, uma lâmpada que pode variar a cor e a intensidade da iluminação pelos comandos de um programa sai por US$ 40. Um termostato inteligente que controle aquecedores e aparelhos de ar-condicionado custa por volta de US$ 200. Um sensor de movimento capaz de indicar se alguém entrou o saiu de um cômodo começa na faixa dos US$ 40.

Na interação destes aparelhos, uma casa inteligente percebe que alguém está na sala, liga as luzes e ajusta a temperatura. No sistema escrito por Zuckerberg, sensores distinguem ainda a voz de cada indivíduo e configura o ambiente para suas preferências. Seu aplicativo não é comercial, foi um passatempo. Mas deve ser lançado um dia. Porém assistentes digitais como o Echo (Amazon) e o Home (Google) já estão à disposição, nas prateleiras das lojas eletrônicas. Eles fazem justamente isso: aceitam comandos de voz e saem ajeitando a casa. O jazz liga, a luz amarelo-laranja bem suave se acende, o ar-condicionado dispara. Um fim de noite agradável é criada a partir de um único pedido.

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Ainda soa a ficção científica. Mas foi em 2016 que as peças todas se juntaram para tornar casas inteligentes realmente viáveis. Outras tecnologias foram muito badaladas durante o ano: as possibilidades das realidades virtual e aumentada, a iminente chegada dos carros autômatos.

A diferença é que casas inteligentes como aquela imaginada por Bill Gates há vinte anos já existem. E cabem em mais bolsos do que os de bilionários digitais. Barato, claro, não é. Não ainda. Se cada lâmpada custa US$ 40, afinal, no jogo da multiplicação uma casa inteira pode sair bem carinha.

O que faz diferença, naturalmente, é a escala. Quanto mais uma tecnologia se populariza, mais ela se barateia.

O nome do app de Zuckerberg é Jarvis, homenagem ao computador que gere a vida do Homem de Ferro. No cinema, Jarvis fala como o estereótipo de mordomo, com sotaque inglês. No modelo real, Jarvis tem a voz firme e clara do ator Morgan Freeman, contratado especificamente para este trabalho de dublagem.

Logo na primeira semana de janeiro, Mark Zuckerberg anunciará qual o desafio que se impôs para 2017. Podemos, como de hábito, esperar alguma excentricidade na escolha.

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