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Caso WorldCom apressa medidas da Europa

Por Agencia Estado
Atualização:

A nova fraude financeira nos Estados Unidos, considerada a maior em sua história, balançou Wall Street, o mercado financeiro internacional e resvalou na Comissão e no Conselho de Ministros, em Bruxelas. O núcleo de especialistas, formado pelos representantes dos quinze países da União Européia (UE) para estudar as novas propostas de boas práticas em matéria de gestão e auditoria de empresas, deve antecipar seu cronograma de trabalho em função do novo escândalo da WorldCom, informam fontes do Conselho. A UE quer criar regras nítidas de mercado para dar segurança ao investidor, regulando e separando os negócios de auditoria e consultoria. Serão colocadas em marcha várias medidas para reforçar as boas práticas das empresas, além de uma maior coordenação para a supervisão dos mercados financeiros. Assim, a UE pretende evitar a repetição de fraude como a do grupo Enron, ocorrida há oito meses, também nos Estados Unidos, reforçada agora pela WorldCom, considerada a segunda maior operadora telefônica norte-americana. O núcleo de especialistas em direito de mercado da UE para criar estas medidas foi estabelecido em setembro do ano passado e teve seu trabalho reforçado em abril deste ano, em caráter de emergência, durante uma reunião dos ministros europeus de economia e finanças. O informe com os resultados do trabalho em andamento deveria ser apresentado em setembro durante a reunião do Conselho de Ministros de Economia e Finanças. "Com certeza, o caso WorldCom vai alterar este cronograma; não podemos arriscar um pânico generalizado de nossos investidores", afirma uma fonte comunitária. O núcleo de especialistas da UE estuda aspectos chaves da atividade de mercado, como a criação e o funcionamento de empresas, grupos de empresas, cooperativas, sociedades e até órgãos de gestão corporativa; os direitos dos acionistas; reestruração de corporações e mobilidade; novas formas de sociedade e, por último, uma simplificação das regras corporativas existentes. O caso Enron fez com que os ministros de economia e finanças dos quinze acrescentassem três linhas análise: o papel dos diretores nos executivos e comitês de direção, as remunerações do pessoal de direção e as responsabilidades da direção na preparação da informação financeira. "As empresas de serviços profissionais transformaram-se em gigantes mundiais de muitas patas, oferencendo a seus clientes auditoria, assessoria legal e financeira, consultoria e até recursos humanos", explica uma fonte comunitária, apontando que o trabalho europeu apresentará regras para separar os negócios de auditoria e consultoria para "evitar conflitos de interesse". O comissário de mercado interior, Frits Bolkestein, declarou, quando foi criado o núcleo de especialistas da UE, que o esforço europeu "responde à necessidade de tomar medidas para evitar casos similares ao Enron". No Conselho de Sevilha de chefes de Estado e governos da UE, ocorrido semana passada, os quinze lembraram mais uma vez a gravidade da crise do Enron e reforçaram a necessidade de implatar medidas para reestabelecer a confiança do consumidor nos mecanismos que o protege. "O caso WorldCom só fará acelerar nossa agenda de trabalho, e começamos a discutir hoje novos prazos possíveis para o anúncio de um pacote com algumas primeiras medidas, antes mesmo que o novo Plano de ação para o mercado financeiro entre em vigor, o que acontecerá somente em 2005", afirma uma fonte da Comissão Eurpéia.

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