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Categorias aumentam pressão por reajustes após servidores do BC decidirem entrar em greve

Funcionários do Tesouro e da Receita Federal, além de policiais e de servidores do Banco Central, fazem mobilizações por aumentos

Foto do author Antonio Temóteo
Por Antonio Temóteo e  Adriana Fernandes e Guilherme Pimenta
Atualização:

BRASÍLIA - Um dia depois de os servidores do Banco Central deflagrarem uma greve a partir do dia 1º por tempo indeterminado, categorias do funcionalismo intensificaram movimentos por reajustes nesta terça-feira, 29, prometendo ampliar mobilizações caso o presidente Jair Bolsonaro não conceda aumentos ou não recue de reestruturações prometidas apenas aos policiais. 

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Os funcionários do Tesouro aprovaram uma paralisação de dois dias para pressionar por reajuste de 19,9%, que, segundo a corporação, repõe a inflação entre 2019 e 2021. A decisão foi tomada em assembleia nesta terça do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical). Os servidores do Tesouro Nacional paralisarão os trabalhos na sexta-feira, 1º de abril, e na próxima terça-feira, 5.A categoria também deve votar na próxima terça a possibilidade de greve por tempo indeterminado. 

Com remuneração anual entre R$ 380,38 mil (auditores da Receita) e R$ 341,1 mil (analista do BC) e salário médio entre R$ 26,2 mil e R$ 29,3 mil, essa elite do funcionalismo puxa a mobilização depois que o presidente Jair Bolsonaro acenou com aumento só para as categorias policiais. 

Os auditores fiscais da Receita Federal também reforçaram o movimento grevista. Nesta terça-feira servidores da Receita Federal se manifestaram em frente ao prédio do Ministério da Economia. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o movimento da categoria pode evoluir, mas a paralisação não está pautada neste momento. 

Ministério da Economia;elite do funcionalismo puxa a mobilização por reajustes depois que o presidente Jair Bolsonaro acenou com aumento só para as categorias policiais Foto: Marcelo Casall Jr./Agência Brasil

Levantamento do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco), ao qual o Estadão teve acesso, mostra que orçamento da Receita Federal teve redução de 60% nos últimos cinco anos, sem considerar as perdas inflacionárias. A maior parte das perdas ocorreu em 2022. Somente neste ano, o corte foi de 51% se comparado ao orçamento que estava previsto incialmente, de R$ 2,2 bilhões.

Os auditores também pedem a regulamentação da Lei 13.464, de 2017, que trata da gratificação, um bônus de eficiência. Desde dezembro de 2021, os auditores fiscais estão mobilizados. Segundo o sindicato, mais de 5 mil auditores assinaram carta se recusando a aceitar cargos de chefia, além da articulação da operação-padrão (tartaruga) nos postos de fronteira.

No BC, o presidente Roberto Campos Neto se reuniu com os servidores hoje, mas segundo o sindicato da categoria, não houve apresentação de proposta para reajuste ou reestruturação para a carreira. Uma nova reunião do sindicato com Campos Neto deve ocorrer na quinta-feira, 31, para definir se haverá uma paralisação total dos servidores ou um efetivo mínimo trabalhará para manter as atividades da autoridade monetária. Os servidores do órgão querem reajuste de 26,6%.

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Policiais 

Ante um possível recuo de Bolsonaro em relação ao reajuste das polícias, a categoria também vai se reunir para debater a reestruturação das carreiras e os prazos legais. Está agendada uma assembleia-geral nesta quarta-feira para debater um futuro movimento.

Na segunda-feira, 28, o ministro da Justiça, Anderson Torres, reuniu representantes das polícias para conversar sobre o tema e tentar acalmar os ânimos e, segundo relatos, explicou que Bolsonaro não poderia anunciar o reajuste neste momento em razão da iminência de uma greve geral no Banco Central.

A lei eleitoral estabelece que reajustes na remuneração de servidores públicos para além da recomposição das perdas salariais estão vedados nos seis meses anteriores às eleições. Como o primeiro turno deste ano está marcado para 2 de outubro, o Executivo teria até o próximo sábado para editar uma MP com aumento de salário acima das perdas salariais, como reivindicam os policiais federais.