PUBLICIDADE

Cautela de estrangeiros impulsiona dólar em dia nervoso

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O dólar mantinha o ritmo de alta dos últimos dias e subia 1,86 por cento nesta terça-feira, com a cautela dos investidores estrangeiros em meio à turbulência global e as incertezas no mercado doméstico. Às 11h35, a moeda era cotada a 1,859 real. O dólar, que subiu mais de 1 por cento nas últimas duas sessões, acumula valorização de cerca de 7 por cento em novembro e já é cotado no maior nível em dois meses. A preocupação no exterior com a crise no setor financeiro voltou a influenciar os negócios no Brasil. Na véspera, após o fechamento do mercado brasileiro de câmbio, as ações em Wall Street aceleraram a queda e empurraram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para baixa de mais de 3 por cento. Com a menor disposição dos estrangeiros em assumir riscos --o risco Brasil, medido pelo JPMorgan, já superou os 250 pontos-básicos--, eles continuavam a reduzir as apostas no mercado futuro pela desvalorização do dólar. "Todo mundo está de orelha em pé. O mercado continua nervoso", disse Júlio César Vogeler, operador de câmbio da corretora Didier Levy. De acordo com dados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os estrangeiros compraram aproximadamente 1,3 bilhão de dólares no mercado futuro em termos líquidos na segunda-feira. Com isso, a posição vendida em dólar desses investidores caiu de 6,45 bilhões de dólares em 14 de novembro, quando o dólar atingiu o menor nível desde 2000, para 1,53 bilhão de dólares na última sessão. Quanto maior a posição vendida em dólares, maior a aposta na desvalorização da moeda norte-americana diante do real. Ela engloba o mercado futuro de dólar e o de cupom cambial. Nesta sessão, porém, as bolsas no exterior sentiam algum alívio com notícias sobre a compra de uma parte do Citigroup, maior banco norte-americano, pelo braço de investimentos do governo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A tensão externa era combinada, no Brasil, com a incerteza quanto à atuação do governo no mercado de câmbio. Nos últimos dias, muitos agentes comentaram que há dúvidas sobre a formação de um fundo soberano pelo Brasil com dólares comprados no mercado, e não retirados das reservas internacionais. "O que o mercado desconfia e está comentando é que você pode estar abrindo a porteira para uma menor responsabilidade do governo, que vem se mantendo bem, pelo menos até aqui, na questão fiscal", disse Marcos Forgione, analista da Hencorp Commcor Corretora. Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disseram em entrevista conjunta que o fundo soberano não será formado a partir das reservas existentes. Até o final da semana, porém, o mercado pode ter algum alívio com a abertura de capital da BM&F. As ações da bolsa começam a ser negociadas na sexta-feira e devem atrair muitos investidores estrangeiros, na opinião de analistas. (Reportagem de Silvio Cascione; Edição de Renato Andrade)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.