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Cautela do consumidor faz juro cair, diz Anefac

Segundo a entidade, demanda menor é um dos fatores que levaram taxa média a recuar de 7,61% ao mês em novembro para 7,49% em dezembro

Por Leandro Mode e Fernando Nakagawa
Atualização:

A cautela de empresas e pessoas físicas em tomar dinheiro emprestado já começou a se refletir nas taxas de juros cobradas por bancos e financeiras. É o que mostra uma pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Em dezembro, a taxa média de juros no Brasil caiu para 7,49% ao mês, ante 7,61% em novembro. Foi o primeiro recuo em oito meses. O presidente da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, atribui o movimento a uma série de fatores, entre eles a redução da procura por parte dos consumidores (pessoas físicas e jurídicas). "A queda reflete a liberação dos depósitos compulsórios pelo Banco Central (BC), uma melhora nas condições de captação de recursos pelos bancos, uma demanda menor e, embora as instituições neguem, a pressão do governo sobre o setor", disse. Segundo ele, os bancos perceberam a retração da clientela e, por isso, voltaram a assediá-la. "Sou consultor de empresas e, pelas conversas que tenho, já é possível perceber que os bancos voltaram a ofertar crédito", comentou. A estatística mais recente do Banco Central sobre crédito é relativa a novembro. E ainda não mostra esse movimento descrito por Ribeiro de Oliveira. Naquele mês, as concessões de novos empréstimos caíram 1,6% em relação a igual mês de 2007. Em outubro, houve um aumento de 6,5%. De janeiro a setembro, a expansão foi, na média, de 14%. O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse em Nova York que considera a redução dos juros ao consumidor apontada pela Anefac um "reflexo normal da regularização gradual da oferta de crédito". "O BC está liberando compulsório para os bancos regularizarem a liquidez. De outro lado, está ofertando linhas externas, via leilões de câmbio, para que as empresas que tomam crédito externo não pressionem mais o crédito doméstico." CHEQUE ESPECIAL O recuo mais expressivo captado pela pesquisa da Anefac ocorreu no cheque especial, modalidade em que a taxa média passou de 9,02% ao mês em novembro para 7,91% em dezembro. O juro no comércio em geral teve leve baixa, de 6,4% ao mês para 6,3%. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) faz sua primeira reunião de 2009. A expectativa quase unânime dos analistas do mercado financeiro é de que taxa básica de juros (Selic) será reduzida. As apostas variam quanto ao tamanho do corte. Alguns acreditam em 0,50 ponto porcentual, outros, em 0,75 ponto, e há até quem veja condições para uma baixa de um ponto porcentual. Hoje, a Selic está em 13,75%. O levantamento da Anefac nota que as taxas cobradas dos consumidores não acompanharam o mesmo ritmo da Selic nos últimos anos. Entre setembro de 2005 e dezembro do ano passado, período em que a taxa básica caiu de 19,75% para 13,75% ao ano, a taxa média para pessoa física recuou de 141,12% ao ano para 137,91%. Ou seja, foi uma proporção muito menor.

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