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CCR emite apenas 15% do capital no Novo Mercado

CCR inaugura Novo Mercado do Bovespa lançando apenas 15% do capital em ações, ao invés dos 25% obrigatórios. Bovespa diz que não há irregularidade, já que a companhia tem três anos para cumprir a meta.

Por Agencia Estado
Atualização:

A Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) inaugurou o Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com o propósito de seguir as rígidas normas de transparência e governança corporativa. Mas uma informação importante passou praticamente despercebida para os investidores na estréia. A empresa lançou apenas 15% do seu capital em ações. A regra do Novo Mercado diz que esse porcentual, o chamado "free float", teria de ser de 25%. A CCR já havia conseguido uma concessão da Bovespa para colocar somente 20% no mercado. Mas, diante do resultado da operação, a empresa não conseguiu atingir a liquidez pretendida. Segundo fontes do mercado, não houve demanda para todas as 16,9 milhões de ações à venda. Por causa disso, os próprios controladores da CCR compraram 4 milhões de papéis e puseram R$ 72 milhões na empresa. A informação consta do anúncio oficial da distribuição pública, divulgado na quinta-feira nos jornais. A captação total somou R$ 305 milhões - portanto, um quarto da emissão não ficou com o mercado, e sim com os donos da companhia. Segundo analistas, isso explica o fato de a colocação ter saído pelo preço mínimo estabelecido pelos avaliadores, de R$ 18 por ação. Como os controladores estavam pondo mais dinheiro na empresa, o melhor negócio foi comprar pelo piso, e não pelo máximo previsto de R$ 22. "Acreditamos que teremos atratividade com essa liquidez", afirmou o diretor de relações com investidores da empresa, Líbano Barroso. "Os controladores compraram porque avaliaram que seria um bom investimento." Conforme o diretor, a companhia decidiu fazer a emissão pelo preço mínimo para proporcionar um potencial de alta aos papéis em bolsa. A questão da liquidez é crucial para os investidores, e pode ser decisiva no momento da aplicação. O mercado valoriza as empresas mais líquidas, pois assim os acionistas podem comprar e vender os papéis com facilidade. No caso da CCR, essa preocupação se acentua porque a empresa tem perfil de retorno de longo prazo. Ao administrar uma concessão rodoviária, a companhia tem de fazer investimentos volumosos, e as receitas com pedágios só passam a cobrir os gastos nos anos posteriores. Outro complicador para a liquidez é que o BNDES, investidor de longo prazo, ficou com mais R$ 45 milhões da emissão. A gerente de projetos especiais da Bovespa, Maria Helena Santana, afirmou que a CCR tem o compromisso de atingir o "free float" de 25% em três anos. Segundo ela, no acordo com a bolsa não havia um piso definido para o índice inicial.

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