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Cenário externo deve ficar menos positivo, prevê Mantega

O que pode acontecer é a taxa de crescimento das exportações ficar um pouco menor, caindo dos atuais 25% para algo como 20%

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira à Agência Estado que o cenário externo pode mudar para um quadro menos positivo do que o que se viu nos últimos meses. "Mas vai mudar de forma gradual, e a perspectiva ainda é de crescimento", disse. Por isso, afirmou, o Brasil continuará com um bom fluxo no comércio exterior. O que pode acontecer, admitiu, é a taxa de crescimento das exportações ficar um pouco menor, caindo dos atuais 25% para algo como 20%. Mesmo assim, as vendas ao mercado externo continuarão com bom desempenho. Além disso, as empresas brasileiras dificilmente perderão mercado, pois o aumento da demanda interna poderá compensar o desempenho mais fraco das exportações. "Estamos num processo de consolidação do mercado interno, e ele dará sustentação para o crescimento econômico", disse. "O Brasil está na rota do crescimento e não é qualquer perturbação que vai nos afetar", concluiu. Selic está alta Mantega admitiu que a taxa básica de juros (Selic, atualmente em 15,25% ao ano), ainda está alta. "Mas o importante é que a tendência é de queda", disse. Respondendo ao pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, que acusou o governo de praticar juros muito elevados e com isso provocar a queda da cotação do dólar ante o real, Mantega lembrou que a Selic está hoje no menor nível de toda a série desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva. "No primeiro período Fernando Henrique Cardoso, veremos que o juro nominal e real era mais elevado", comentou, em entrevista à Agência Estado. Além disso, lembrou Mantega, a taxa é apenas um dos juros cobrados no Brasil, mas nem todos os empréstimos são corrigidos de acordo com ela. Por exemplo, os empréstimos ao setor produtivo, feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), são remunerados de acordo com a Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP), de 8,15%. Os financiamentos ao setor rural são corrigidos por taxas de 8,75% ao ano, menores que os 15,25% da Selic. O mesmo ocorre com linhas de financiamento imobiliário, onde as mais baratas custam 8% ao ano. "Os juros estão caindo em várias modalidades", comentou. "Gostaríamos que fossem mais baixos, mas estamos na rota da redução e vamos em direção a uma taxa de juros real de um dígito." Ele observou que, se todo o mix de taxas de juros cobrados no País fosse considerado, o Brasil deixa de ocupar o posto número um no ranking dos países com maior juros do mundo. Decisão do Copom O ministro, no entanto, evitou comentar a decisão de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom), que cortou a Selic em 0,5 ponto porcentual, desacelerando a velocidade de queda. "Por que houve a desaceleração é algo que deve ser perguntado ao Banco Central. Vamos esperar a ata", disse. "O importante é que a taxa de juros continua caindo, como vem fazendo desde setembro do ano passado." Mantega lembrou que não havia uma taxa fixa para a queda dos juros, ou seja, não havia uma predeterminação que os cortes deveriam ser mantidos em 0,75 ponto.

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