é igual seleção brasileira todo mundo tem uma opinião. O
alto ajuda oexportador, que reclama quando ele cai. Já o importador quer ver a moeda americana lá embaixo. Assim como o brasileiro que está indo para o exterior não gosta de comprar a moeda em alta. Tem gente que acha que o
foi além do que deveria na queda dos juros para estimular o crescimento e o resultado estaria provocando reflexos na cotação do real frente ao dólar com risco de aumento da inflação.
O ministro da economia, Paulo Guedes, também fez a sua avaliação de que como vê o dólar no longo prazo. Ele disse não estar preocupado com o dólar acima de R$ 4,20 e que é “bom se acostumar com o câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom tempo”.
Acabou provocando mais ruído no mercado, o que levou o Banco Central a agir com duas intervenções no mercado à vista de dólar para conter a alta num dia considerado atípico pelo próprio presidente da instituição, Roberto Campos Neto, em evento à tarde.
Guedes não falou nenhuma novidade sobre o que pode acontecer com o real no longo prazo a continuar o quadro atual: taxa de juros em patamar mais baixo leva a uma moeda mais depreciada, como aconteceu com outros países que foram ganhando mais confiança.
Mas toda vez que ministro da economia fala sobre câmbio é sempre confusão na certa com especulação no mercado. Ainda mais diante de movimentos recentes que têm puxado o dólar para cima.
Um dos fatores que explicam porque o dólar está se movendo para cima já foi apontado pelo presidente do BC em audiência pública no Congresso na semana passada. As empresas estão pré-pagando dívidas contraídas lá fora e trocando por outra no mercado local.
Esse movimento está ocorrendo porque as taxas de juros com prazo mais longo de vencimento estão caindo e tornado mais vantajosa a troca. Com os juros longos em queda, as empresas estão entendendo que é melhor se financiar no mercado doméstico do que lá fora. Primeiro foi a Petrobrás e depois outras empresas estão acompanhando.
A frustração com o megaleilão de petróleo da chamada cessão onerosa também ajudou. Havia uma expectativa de grande expectativa de entrada de dólares no Brasil para o pagamento do leilão, o que não ocorreu. Sazonalmente também há, no fim do ano, uma saída maior de dólares para pagamento dividendos e outras remessas. As moedas também tem se desvalorizado em relação ao dólar porque o crescimento está mais forte nos Estados Unidos. Não é diferente com o real.
O BC tem repetido reiteradamente que a intervenção no mercado não reverte o movimento de câmbio e que é necessário ver os fundamentos que estão por trás. Hoje, está claro que existe um movimento coincidente entre a curva de juros longos e a depreciação do câmbio. Nem sempre foi assim. Geralmente é o contrário. Quando o câmbio deprecia, os juros de prazo longo sobem. Agora tem uma relação de causa e efeito diferente do que era no passado.
Um ponto a ser observado é que a demanda por dólar está vindo do mercado à vista e não no mercado futuro. É para o mercado futuro que os agentes vão quando há especulação ou necessidade de hedge (proteção contra as oscilações da moeda). Isso não está acontecendo agora. A demanda, mesmo nesta terça-feira, esteve concentrada no mercado à vista com a procura do dólar.
O que tem que observado daqui para frente: o dólar em alta continuará acompanhado de um cenário benigno, com variáveis de risco melhorando e a inflação implícita (aquela que indica o nível futuro dos preços) em queda, ou o cenário ficará ruim?
No momento, a equipe econômica vê essa pressão no mercado à vista combinada com uma melhora do prêmio de risco e sem a pressão no mercado futuro, que poderia sinalizar uma preocupação mais forte do mercado com um uma eventual erro de calibragem na política de juros que levaria, em seguida, à subida da inflação.
Outro ponto que BC vai precisar observar também é o comportamento do “"pass through", como é chamada no jargão econômico a transferência para os preços da alta do dólar. O que se avalia hoje é que essa transferência é bem menor do que no passado. A ver.