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Cenário: Para reduzir desgaste, Bolsonaro aposta em pacote de bondades

Com a candidatura à reeleição sempre no radar, Bolsonaro ligou o sinal de alerta; ele sabe que não pode continuar perdendo popularidade por muito mais tempo

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

BRASÍLIA - Jair Bolsonaro decidiu autorizar uma série de medidas, com potencial de alcance popular, para tentar melhorar sua avaliação. Desgastado politicamente pela má condução no combate à pandemia do coronavírus, pelo fim do pagamento do auxílio emergencial, pela alta de preços e pelo desemprego, o presidente tem definido com seus principais auxiliares medidas para conter sua queda de popularidade.

O pacote de bondades que já vem sendo anunciado pelo governo inclui a retomada do pagamento do auxílio emergencial, numa ação cobrada pela cúpula do Congresso, mas que ainda exige uma engenharia técnica para ser colocada em prática. 

Jair Bolsonaro decidiu autorizar uma série de medidas, com potencial de alcance popular, para tentar melhorar sua avaliação. Foto: Marcos Correa/PR

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A antecipação do pagamento do 13º dos aposentados e pensionistas do INSS, além de um abono para trabalhadores com carteira assinada que recebem até dois salários mínimos, também estão nesse rol de iniciativas.

O pacote inclui a redução a zero dos impostos federais sobre o diesel e sobre o gás de cozinha, anunciados na quinta-feira, 18, pelo presidente na sua live semanal. Bolsonaro tem reclamado bastante dos aumentos seguidos dos preços dos combustíveis, especialmente porque afetam os caminhoneiros. O presidente não esconde sua preocupação que a categoria decida fazer novamente uma paralisação nacional, como tem ameaçado. As cobranças pesadas feitas na sua live contra a Petrobrás e seu presidente, Roberto Castello Branco, deixam claro o grau de insatisfação de Bolsonaro com a situação. 

Algumas medidas paliativas, como zerar imposto de importação de pneus, foram tomadas para agradar o setor, mas o presidente sabe que o que trará efeito, de fato, é segurar o aumento do preço dos combustíveis.

Aliados próximos do presidente confirmam sua preocupação com o desgaste da imagem do governo. Havia uma expectativa dentro do Planalto que isso se reverteria naturalmente porque a recuperação da economia aconteceria de forma rápida em 2021, com a superação da pandemia do coronavírus. Só que, passado mais da metade de fevereiro, os casos e mortes pela doença continuam subindo, com média diária superior a mil óbitos e com as cidades sendo obrigadas a adotar controles mais rígidos e até lockdowns para tentar conter a doença.

O elevado preço dos alimentos também tem incomodado Bolsonaro. Ele tem sido cobrado é questionado sobre o problema tanto por pessoas que participam dos seus eventos públicos, quanto pelas redes sociais.

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Com a candidatura à reeleição sempre no seu radar, Bolsonaro ligou o sinal de alerta. Mesmo com seus possíveis adversários na corrida eleitoral de 2022 também enfrentando problemas, Bolsonaro sabe que não pode continuar perdendo popularidade por muito mais tempo, sob pena de colocar em risco sua reeleição. O pacote de bondades, que ainda incluirá outras ações, é justamente uma primeira tentativa para estancar essa perda de popularidade.

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