Publicidade

Cenário político deve ditar rumo dos negócios nesta semana

Por Agencia Estado
Atualização:

O cenário político, mais uma vez, devem ditar o ritmo dos negócios nesta semana. O mais novo temor dos investidores é a ascensão de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas. Nas sondagens do Vox Populi e do Datafolha, o ex-governador do Ceará está empatado tecnicamente com José Serra (PSDB), o candidato preferido pelo mercado. Como uma pesquisa do Ibope pode ser divulgada na terça, é possível que o mercado oscile mais uma vez ao sabor dos boatos sobre o desempenho dos candidatos. Nesse cenário, o câmbio, a bolsa e os títulos da dívida externa devem continuar pressionados. E também é provável que o volume de negócios seja reduzido nesta segunda-feira. Como terça-feira será feriado em São Paulo, o centro financeiro do País, alguns analistas acreditam que a liquidez pode ser baixa nesta segunda-feira. O mercado, que já estava preocupado com a liderança de Lula, teme agora que Serra fique fora do segundo turno. Uma disputa entre Lula e Ciro assusta os investidores. Na sexta-feira, rumores de que Ciro ultrapassaria Serra na pesquisa do Vox Populi levaram o dólar a subir 0,91%, cotado o R$ 2,882, mesmo num dia em que as bolsas americanas tiveram um desempenho muito positivo e o Banco Central (BC) vendeu US$ 100 milhões, seguindo a nova política de intervenção no mercado de câmbio. Ciro preocupa os investidores principalmente porque já falou várias vezes em renegociar a dívida interna. A partir desta semana, o BC vai reduzir pela metade a oferta diária de dólares, de US$ 100 milhões para US$ 50 milhões. No fim de mês, a autoridade monetária vai decidir se mantém ou altera a política de intervenção. A intenção do BC é prover liquidez ao mercado, num momento em que as empresas enfrentam dificuldades para rolar dívidas no exterior. Além disso, há companhias antecipando o fluxo de remessas de lucros e dividendos, por causa das incertezas políticas. Segundo analistas, as intervenções do BC não devem reverter a trajetória de depreciação do câmbio, mas apenas suavizar o movimento e reduzir a volatilidade. O dólar acumula alta de 24,44% no ano. Além das incertezas no cenário político, a aversão global ao risco também contribui para a disparada do dólar e do risco país, que fechou sexta-feira em 1.715 pontos (17,15 pontos porcentuais acima dos títulos do Tesouro americano). O surgimento das fraudes contábeis em empresas como a Enron e WorldCom está provocando uma crise de confiança internacional, levando os investidores a evitar ativos de risco, o que prejudica o fluxo de recursos para países emergentes como o Brasil. Com isso, o mercado também vai ficar de olho no comportamento das bolsas americanas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.