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Cenário político dos EUA é desfavorável a Doha, diz Fiesp

Segundo presidente do Coscex da entidade, Congresso americano, dominado por democratas, não deve autorizar Bush a continuar negociando acordos na OMC

Por Agencia Estado
Atualização:

O cenário político nos Estados Unidos é extremamente desfavorável às negociações, por parte dos norte-americanos, dentro da Rodada Doha. Essa é a opinião do presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex) da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e ex-embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa. De acordo com ele, que disse ser "decisiva a posição americana para as negociações", o Congresso local, dominado pelos democratas, dificilmente deve autorizar o presidente George W. Bush, republicano, a continuar negociando acordos como o da OMC. A autorização, chamada de Trade Promotion Authority (TPA) vence em 1º de julho. Barbosa afirmou que pelo conhecimento que tem do Congresso dos Estados Unidos "ficaria muito surpreso (se a TPA fosse renovada) e, se isso acontecesse, se por acaso eles aprovarem, vão incluir cláusulas sociais e trabalhistas nas futuras negociações que são inaceitáveis pelo Brasil", explicou o presidente do Coscex, durante reunião da entidade nesta terça-feira, em São Paulo (SP). O embaixador considerou, ainda, que o debate atual nos Estados Unidos está dividido entre as eleições para a sucessão de Bush e a guerra do Iraque e que o ambiente político para possíveis discussões comerciais está contaminado por esses dois temas. "Portanto, não se iludam", resumiu Barbosa, que apontou ainda avanços na proposta da nova lei agrícola dos Estados Unidos, a Farm Bill, com melhorias significativas, mas com pouco impacto para o Brasil. O presidente do Coscex pediu ainda que haja uma "reciprocidade do governo brasileiro com o setor privado" caso haja a possibilidade de se assinar algum acordo amplo na Rodada Doha. "O mínimo que o setor privado espera é que seja ouvido nas decisões, por que entidades como o Icone e a Fiesp deram suporte aos negociadores brasileiros sem cobrar nada por isso", disse Barbosa. Já o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, embaixador Sérgio Amaral, alertou para outro empecilho entre os norte-americanos nas negociações internacionais: "mais do que o clima político, há uma desconfiança em relação aos estrangeiros que podem gerar desemprego nos Estados Unidos", disse Amaral, que defendeu a elaboração, por parte da Fiesp, de um "paper", ou um "livro branco" com as posições claras da entidade sobre as negociações da Rodada Doha. "Caso contrário, num curto espaço de tempo a gente pode pagar muito para ter pouco", alertou.

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