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CENÁRIOS 2009-Bancos vêem retomada tímida do mercado de capitais

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

Sem ainda conseguir avistar um horizonte para a retomada das ofertas públicas de ações, profissionais de bancos de investimento acreditam que operações de fusões e aquisições e a captação de recursos com instrumentos de renda fixa podem salvar 2009 de um congelamento completo do mercado brasileiro de capitais. Diversas empresas vão continuar demandando recursos para investimentos. Mas, com o clima adverso para captação com ações, a tendência é uma migração para a renda fixa, por meio de debêntures e notas promissórias. "As companhias que planejavam captar recursos por meio de IPO (oferta inicial de ações) vão buscar outras vias", diz Jean-Marc Etlin, vice-presidente executivo do Itaú BBA, líder desse mercado no Brasil em 2008. Se essa previsão se confirmar, será apenas uma extensão do que já aconteceu este ano. Depois de um ciclo inédito de cinco anos de expansão acelerada das emissões de ações, que culminaram com a estréia de 64 empresas na Bovespa no ano passado, a crise global restringiu a quatro o número de debutantes em 2008. No total, o volume levantando por empresas brasileiras por meio de ofertas de ações da janeiro a novembro foi de 34,9 bilhões de reais --queda de 53,8 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários. Descontada a oferta de 19,4 bilhões de reais feita em julho pela Vale, a queda seria de 79,5 por cento. "2007 foi claramente um ponto fora da curva e que não vai voltar mais. Quando o mercado (de emissão de ações) voltar, vai ser em patamares bem menores", prevê Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora. Considerando todo tipo de captação no mercado de capitais, a queda nas emissões foi menos dramática, nos mesmos períodos de comparação, recuando neste ano para 132,9 bilhões de reais, um declínio de 23,6 por cento. Em algumas modalidades, houve expansão. É o caso das notas promissórias, instrumento usado para captar 23 bilhões de reais este ano frente a apenas 9 bilhões de reais em 2007. "A necessidade de intermediar o fluxo de recursos entre investidor e empresa vai continuar, mas por algum tempo a preferência de ambos vai ser a renda fixa", acredita Etlin. FUSÕES & AQUISIÇÕES Outra área que deve continuar forte para os bancos de investimento no Brasil, em parte em função da própria crise, é a de fusões e aquisições. "Por traz de crises sempre surgem oportunidades. O momento de correção de preços dos ativos nos mercados abre espaço para consolidação em muitos setores", diz Rodrigo Xavier, presidente-executivo do UBS Pactual. Essa tendência já vem se desenhando. Segundo números da Thomson Reuters Markets, esse tipo de transação envolvendo empresas brasileiras movimentou 90 bilhões de dólares nos primeiros 11 meses deste ano. Isso representa um crescimento de 71,4 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, mesmo desconsiderando a megafusão entre Itaú e Unibanco, anunciada no início de novembro. (Edição de Daniela Machado)

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