PRODUÇÃO LOCAL
Os representantes do setor de energia solar também estão avaliando as condições da indústria brasileira para atender níveis mínimos de nacionalização dos equipamentos nos projetos, conforme o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tende a exigir para liberar financiamentos.
Segundo Calabró, a intenção seria estabelecer um plano de desenvolvimento da fonte em quatro anos, de forma que o índice de nacionalização mínimo exigido fosse sendo ampliado a cada ano, à medida que a indústria de equipamentos solares for se instalando no país.
Preliminarmente, ele acredita que seria possível atender a uma exigência de índice de nacionalização de 30 por cento para os projetos, considerando também as obras civis, mas o levantamento ainda está sendo realizado.
As condições de financiamento no BNDES ainda estão sendo avaliadas. Na semana passada, o superintendente da Área de Infraestrutura do BNDES, Nelson Siffert Filho, disse em evento que as condições devem ser apresentadas em até 60 dias antes do leilão, estimado para outubro.
Barbieri, da Abinee, disse que a associação ainda não definiu qual seria um índice de nacionalização mínimo adequado para que os projetos de energia solar cumpram já neste ano. "O índice vai variar em função do que o BNDES se propõe a financiar", disse.
Segundo ele, os equipamentos usados no segmento de energia solar têm algumas partes nacionais, significando em um mínimo de 20 por cento de conteúdo local para cada item, com alguns superando essa cifra.
Ele acrescenta que, como o leilão de reserva prevê que os projetos vencedores entrem em operação em até três anos, há tempo hábil para que indústrias do segmento de energia solar se instalem no Brasil. "O importante é que ocorram leilões regulares", acrescentou ao explicar que leilões anuais para a energia solar dão segurança para desenvolvimento da cadeia produtiva no Brasil.
Aos preços de energia pedidos pelo setor solar para o leilão, de até 250 reais por MWh, a rentabilidade para os investidores fica "apertada", segundo Barbieri, mas ainda viabiliza projetos.
"Quatro a 5 por cento ao ano é uma rentabilidade esperada", disse ele. Barbieri acrescentou, no entanto, que a tendência é que, com o tempo, o retorno aumente diante da redução de custos e à medida em que uma indústria se estabeleça no país.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) há 108 pequenos empreendimentos fotovoltaicos de energia solar em operação no Brasil atualmente. Porém, essas usinas somam apenas 9,3 megawatts (MW) de capacidade instalada, ou 0,01 por cento da matriz elétrica brasileira.