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CENÁRIOS-Investidores veem pelo menos 500 MW de usinas solares vencedoras em leilão

Investidores do setor de energia solar acreditam que o governo federal poderá contratar pelo menos cerca de 100 megawatts médios de energia solar no leilão de reserva que deverá ocorrer em outubro, o equivalente a entre 500 e 600 megawatts (MW) de potência instalada em novas usinas solares no país. Os investidores de energia solar estão otimistas com o leilão, apesar das condições do certame ainda não terem sido anunciadas, já que a fonte poderá, pela primeira vez, vender energia em um leilão público sem competir com outras fontes mais baratas, como a eólica. Os agentes do setor de energia solar acreditam que o preço-teto de energia a ser estabelecido no leilão possa ficar entre 230 e 250 reais por megawatt-hora (MWh), valor por eles defendido. O leilão deverá ocorrer nas primeiras semanas de outubro, segundo uma fonte do governo federal com conhecimento do tema. Segundo ele, a portaria com algumas diretrizes do leilão será publicada até o início da semana que vem, e não ainda há definição de preço-teto e volume de energia solar que será contratada. A fonte garantiu, no entanto, que haverá mesmo um produto específico para a energia solar, conforme já tinha dito o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Energia eólica e usinas a biomassa também poderão participar do leilão, todas em produtos separados. "Em 2014/2015 vai começar a rampa da energia solar no Brasil, assim como ocorreu com a eólica", disse o vice-presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Leonardo Calabró, à Reuters, ao se referir aos sinais dados pelo governo federal quanto às possibilidades para desenvolvimento da energia solar no país. A Cogen tem participado de conversas com o governo federal sobre as condições para o desenvolvimento da fonte no Brasil e Calabró espera que no leilão de reserva sejam contratados cerca de 100 MW médios energia solar, mesmo número esperado pelo assessor da área de GTD da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Roberto Barbieri, que também participou de reuniões com o governo federal. A Cogen, em conjunto com Abinee e com a Associação dos Produtores Independentes de Energia (Apine), apresentou proposta ao governo federal para desenvolvimento do setor de energia solar no Brasil, com um plano de leilões solares anuais, para desenvolver a cadeia produtiva no país. Calabró sinalizou para o governo que um preço-teto entre 230 e 250 reais por MWh seria razoável para o leilão e considera possível viabilizar cerca de 500 MW de potência em novas usinas solares, que significam cerca de 100 MW médios de solar no leilão de reserva. O presidente da Apine, Luiz Fernando Viana, considera que o preço-teto nesse leilão de reserva para a solar deverá ficar em cerca de 240 reais por MWh. Porém, ele vê como possível a contratação de até 1 GW de novos projetos, que significariam cerca de 200 MW médios de energia assegurada. A diretoria executiva da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini, que também está avaliando as condições de desenvolvimento da energia solar, considera que entre 150 e 200 MW médios nesse primeiro leilão seria um número bom para a fonte. "É importante para o governo que a gente coloque mais uma fonte de energia na matriz (elétrica brasileira). Mas o ponto fundamental é desenhar o financiamento. Hoje, a energia solar tem muito conteúdo importado. Tem que se trabalhar com o BNDES", disse.

Por ANNA FLÁVIA ROCHAS
Atualização:

PRODUÇÃO LOCAL

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Os representantes do setor de energia solar também estão avaliando as condições da indústria brasileira para atender níveis mínimos de nacionalização dos equipamentos nos projetos, conforme o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tende a exigir para liberar financiamentos.

Segundo Calabró, a intenção seria estabelecer um plano de desenvolvimento da fonte em quatro anos, de forma que o índice de nacionalização mínimo exigido fosse sendo ampliado a cada ano, à medida que a indústria de equipamentos solares for se instalando no país.

Preliminarmente, ele acredita que seria possível atender a uma exigência de índice de nacionalização de 30 por cento para os projetos, considerando também as obras civis, mas o levantamento ainda está sendo realizado.

As condições de financiamento no BNDES ainda estão sendo avaliadas. Na semana passada, o superintendente da Área de Infraestrutura do BNDES, Nelson Siffert Filho, disse em evento que as condições devem ser apresentadas em até 60 dias antes do leilão, estimado para outubro.

Barbieri, da Abinee, disse que a associação ainda não definiu qual seria um índice de nacionalização mínimo adequado para que os projetos de energia solar cumpram já neste ano. "O índice vai variar em função do que o BNDES se propõe a financiar", disse.

Segundo ele, os equipamentos usados no segmento de energia solar têm algumas partes nacionais, significando em um mínimo de 20 por cento de conteúdo local para cada item, com alguns superando essa cifra.

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Ele acrescenta que, como o leilão de reserva prevê que os projetos vencedores entrem em operação em até três anos, há tempo hábil para que indústrias do segmento de energia solar se instalem no Brasil. "O importante é que ocorram leilões regulares", acrescentou ao explicar que leilões anuais para a energia solar dão segurança para desenvolvimento da cadeia produtiva no Brasil.

Aos preços de energia pedidos pelo setor solar para o leilão, de até 250 reais por MWh, a rentabilidade para os investidores fica "apertada", segundo Barbieri, mas ainda viabiliza projetos.

"Quatro a 5 por cento ao ano é uma rentabilidade esperada", disse ele. Barbieri acrescentou, no entanto, que a tendência é que, com o tempo, o retorno aumente diante da redução de custos e à medida em que uma indústria se estabeleça no país.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) há 108 pequenos empreendimentos fotovoltaicos de energia solar em operação no Brasil atualmente. Porém, essas usinas somam apenas 9,3 megawatts (MW) de capacidade instalada, ou 0,01 por cento da matriz elétrica brasileira.

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