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Cerca de 19,5 milhões de pessoas melhoraram renda per capita

Com base na Pnad 2008, estudo do Ipea aponta que 11,7 mi de brasileiros deixaram a faixa de renda mais baixa

Por Lucinda Pinto e da Agência Estado
Atualização:

A população brasileira começou a ascender para faixas de renda per capita mais altas a partir de 2004, movimento que não se observava desde a década de 80. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2004 e 2008, 7 milhões de pessoas ingressaram na faixa de renda média (com renda mensal per capital de R$ 188 a R$ 465) e 11,6 milhões de indivíduos chegaram ao estrato superior de renda (renda per capita maior que R$ 465 mensais). Em contrapartida, a faixa de renda baixa (inferior a R$ 188 por indivíduo) perdeu 11,7 milhões de pessoas. No período, o aumento da população brasileira foi de 6,9 milhões de pessoas. "Há sinais da volta da mobilidade social no País, o que não se via até a década de 90", afirma o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

 

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O estudo do Ipea, que como base a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad) de 2008, realizada pelo IBGE, mostra que, com essas mudanças, a participação relativa das camadas de renda evoluiu. Em 2008, segundo o estudo, a faixa mais baixa de renda representava 26% da população, fatia menor do que a observada em 2005, de 32%; a de renda média respondia por 37,4%, ante 34,9% em 2004. Já o grupo de renda superior cresceu de 31,5% em 2004 para 36,6% no ano passado. O Ipea destaca que esse grupo, que tem renda per capital superior a R$ 465, vinha registrando declínio em sua participação relativa entre os anos de 1998 e 2004, oscilando de 35,3% para 31,5%.

 

As faixas de renda estabelecidas pelo estudo - muito baixas, considerando que já pertence à faixa superior o indivíduo que tem renda per capital superior a um salário mínimo - refletem a média de renda da população. Pochmann explica que, para fazer o estudo, o Ipea dividiu a população brasileira em 2001 em três grupos iguais e calculou a média de renda per capital em cada um desses grupos. Para atualizar os valores, o Ipea utilizou o INPC.

Queda da taxa de natalidade impacta

 

Também é importante destacar que os avanços de renda per capita podem ser explicados, em parte, pela redução da taxa de natalidade média das famílias. Com menos filhos, a renda per capital das famílias naturalmente cresce. Em 1992, segundo Pochmann, a taxa de natalidade média no Brasil era de 2,8 filhos. Em 2008, essa taxa caiu para 1,8 filhos. E, se forem consideradas apenas as mulheres brancas com maior grau de escolaridade, a natalidade é ainda menos: 0,9 filhos.

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Mas o presidente do Ipea considera que há outras explicações para esse fenômeno da melhora da renda per capita. Crescimento econômico e dinamismo do mercado de trabalho também justificam, segundo Pochmann, a mobilidade social. Isso fica claro quando se observa o perfil dos indivíduos que tiveram alguma ascensão de renda. Entre 2001 (ano base do estudo) e 2008, 19,5 milhões de brasileiros (ou 11,7% da população) registraram elevação real em seu rendimento individual superior à evolução da renda per capital nacional, que foi de 19,8% no período. Nesse grupo, os que têm carteira assinada foram os que mais evoluíram - o que confirma a tese de que o emprego contribuiu para a melhora da renda, e não apenas efeitos estatísticos ou mesmo benefícios sociais. Segundo o Ipea, dos 13,5 milhões de indivíduos que migraram do estrato inferior para o médio, 55,5% são ocupados (incluindo empregos formais, informais e por conta própria). Já no grupo de 6 milhões de pessoas que evoluíram da faixa médio para a superior, 69,7% estão na categoria de ocupados.

 

O estudo mostra que a melhora da renda continua concentrada nas áreas urbanas e, especialmente, nas regiões Sul e Sudeste, enquanto que as condições das famílias do Nordeste ainda são mais precárias. Segundo o Ipea, 80% das 19,5 milhões de pessoas que melhoraram sua renda moram na cidade. Dos que mostraram ascensão de renda entre 2001 e 2008, 41% são da região Sudeste (8 milhões de pessoas); 28,2% no Nordeste (5,5 milhões); 3,3% no Sul (2,6 milhões); 9,2% no Norte (1,8 milhão); e 8,2% na região Centro Oeste (1,6 milhão). De todo modo, quando se olha a estrutura social nas regiões em 2008, é possível observar que, no Nordeste, quase 50% da população pertence à faixa mais baixa de renda. Por outro lado, nos Estados do Sul e do Sudeste quase meta da população tem renda per capital superior.

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