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Chávez: desvalorização da moeda não trará inflação

Consumidores correram às lojas para comprar televisores e eletrodomésticos temendo alta dos preços

Por Marcilio Souza e da Agência Estado
Atualização:

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, negou que a desvalorização do peso, anunciada na última sexta-feira, 8, levará a um aumento dos preços ao consumidor. Analistas, no entanto, discordam. Chávez alertou que seu governo enfrentará as varejistas e companhias que implementarem reajustes.

 

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"Neste momento não há nenhuma razão para que ninguém aumente seus preços", disse Chávez em seu programa de televisão no domingo, 10. Consumidores correram às lojas para comprar televisores e eletrodomésticos temendo que os preços subam com a decisão cambial. Chávez anunciou na sexta-feira a introdução de um regime de câmbio duplo, com uma taxa de 2,6 bolívares por dólar para bens e serviços "prioritários" e de 4,3 bolívares por dólar para o restante das transações oficiais. O anúncio representa uma desvalorização média de 63,7%. "Eu não entendo por que as pessoas estão em filas. Elas são vítimas de campanhas terroristas da mídia que criam o medo de que os preços subirão", disse Chávez.

 

Diversas câmaras empresariais, incluindo as dos setores aéreo e manufatureiro, alertaram que a moeda mais fraca fará com que as varejistas dobrem seus preços em alguns casos. O governo disse que importadores de bens essenciais, como alimentos e remédios, poderão comprar dólares do governo a 2,6 bolívares cada um.

 

Chávez convocou a Guarda Nacional para ajudar o governo a combater a especulação e as remarcações de preços. O presidente disse que vai "fechar todas as empresas e lojas que participarem da especulação".

 

Economistas, no entanto, acreditam que a desvalorização possa provocar um salto dos preços ao consumidor. Boris Segura, do Royal Bank of Scotland, por exemplo, revisou sua previsão para a inflação este ano no país de 28% para até 40%. Segundo ele, os efeitos inflacionários dependerão, em larga medida, da capacidade do governo de atender os pedidos de dólares dos importadores à taxa oficial de 4,3 bolívares por dólar, de modo que não precisem recorrer muito ao mercado paralelo, onde a taxa é mais alta.

 

Segura estima que cerca de metade das importações receberão a taxa de 2,6 bolívares, enquanto o restante ficará com 4,3 bolívares. O analista acrescentou que o impacto inflacionário da desvalorização será atenuado pela recessão econômica enfrentada pelo país. Segura prevê que a economia vá contrair-se 6% no primeiro trimestre deste ano e começar a recuperar-se no segundo semestre, deixando a expansão do PIB em torno de zero em 2010.

 

Mesmo o ministro de Finanças do país, Ali Rodríguez, disse na sexta-feira que a desvalorização pode acrescentar de três a cinco pontos porcentuais à inflação geral em 2010. As informações são da Dow Jones.

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