Os jornais argentinos deram amplo destaque à reunião dos presidentes Néstor Kirchner, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez. A manchete principal do La Nación diz que "Kirchner e Lula desaprovaram Chávez pelo Mercosul - e questionaram sua ingerência em temas delicados do bloco". Segundo o jornal, Lula e Kirchner reprovaram Chávez com "duros termos" por ter participado, na semana passada, em um cúpula em Assunção, organizada pelo Paraguai, Bolívia e Uruguai, com o espírito de questionar a falta de impulso da Argentina e Brasil ao desenvolvimento dos outros membros do Mercosul. La Nación diz ainda que, segundo uma fonte, Kirchner disse a Chávez: "É um infantilismo somar-se a uma proposta de pequenos contra grandes. Sobretudo quando Brasil e Argentina trabalham para superar as assimetrias". Em outra reportagem, o jornal diz que "Lula mostra o perfil que gosta: o de líder regional". Segundo a opinião do correspondente no Brasil, o presidente Lula "não podia ter terminado o encontro cúpula dos últimos dois dias com os presidentes Néstor Kirchner e Hugo Chávez mais satisfeito". Também disse que "o Brasil conseguiu cada um dos objetivos que se propôs quando entre Lula e Kirchner programaram a reunião às pressas". Nas duas páginas de cobertura sobre o assunto, La Nación ainda publicou uma opinião do analista Joaquim Morales Solá, na qual afirma que "Chávez aprofunda as diferenças de um Mercosul que não reage". Segundo o analista, "o Mercosul já não é o que era. Nunca pôde resolver definitivamente seus muitos problemas comerciais". E agora entrou num terreno político de "difícil resolução, que já mostrou uma imagem patética: houve duas reuniões do Mercosul, com protagonistas distintos, em apenas uma semana". Clarín Já a cobertura do Clarín optou pelo enfoque ao conflito, batizado de guerra das papeleiras, entre o Uruguai e a Argentina por causa da construção das duas fábricas de papel e celulose na fronteira entre ambos, às margens do rio Uruguai. "Papeleiras: oferta de Kirchner para voltar a negociar. Segundo fontes diplomáticas, o presidente disse a Lula que a Argentina está disposta a pagar o estudo de impacto ambiental e também assumir os salários das plantas de Fray Bentos se as obras forem suspensas por 90 dias", como pede Kirchner, enquanto é realizado o relatório. O Clarín também afirma que na Casa Rosada, logo após o regresso a Buenos Aires, o presidente fazia um "balanço altamente positivo sobre a viagem ao Brasil". Segundo a análise, "a mensagem, que tem como destino final o Uruguai, é que o Mercosul não corre riscos na medida em que se fortaleça o eixo Brasil-Argentina, independentemente do que acontecer com o Uruguai." El Cronista O El Cronista afirma que Kirchner, Lula e Chávez "usam o gasoduto para preservar a unidade sul-americana". Os presidentes, continua, deram um "renovado impulso ao promovido eixo Caracas-Brasília-Buenos Aires, ao avançar ontem, em São Paulo, na ambiciosa iniciativa de construir o "grande gasoduto do sul". Página 12 Fiel ao seu estilo irônico, o Página 12 estampou uma foto dos três presidentes com o título: "uma reunião para dar gás ao Mercosul" e para "limar asperezas". Infobae O tema gasoduto também foi a principal manchete do jornal Infobae: "Convidam toda a América do Sul a somar-se ao gasoduto do Sul". O jornal também publica reportagens sobre "a firme aliança ratificada por Kirchner e Lula, como resposta aos questionamentos uruguaios e paraguaios ao Mercosul"; e sobre as declarações de Tabaré Vázquez de que "este Mercosul não serve". Ámbito Financiero O Ámbito Financiero repetiu o destaque ao gasoduto e à reunião que seria realizada em setembro com os demais países envolvidos com o gasoduto. O jornal diz também que "Lula revelou que Vázquez lhe disse que teme corte de gás argentino", como represália pelo conflito com as papeleiras.