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Chávez quer Brasil na Opep e criação da 'petro-moeda'

Venezuelo insiste que a aproximação com os países árabes deve incluir a criação de uma nova moeda

Por Jamil Chade e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer acelerar o processo de adesão do Brasil à Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e criar uma nova moeda. Nesta terça-feira, 31, durante a cúpula entre países árabes e sul-americanos, Chávez defendeu a ampliação da entidade para incluir também o Brasil, além da criação de uma "petro-moeda" no mundo. "Estamos esperando pelo Brasil e o Brasil está preparado (para a adesão)", disse, olhando ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

 

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Chávez ainda brincou, sugerindo que fosse aprovada uma resolução proclamando a entrada do Brasil na Opep. "Porque não fazemos isso logo", disse o venezuelano. No encontro entre as duas regiões, nove dos doze países da Opep estavam presentes. Lula não respondeu publicamente aos comentários.

 

Pelas normas da Opep, apenas países exportadores podem pedir sua adesão. O Brasil levantou a possibilidade depois que as descobertas de reservas foram anunciadas na costa do País. Mas, com a atual crise e a queda no preço do petróleo, os projetos de exploração podem atrasar.

 

Chávez insiste que a aproximação com os países árabes deve incluir a criação de uma nova moeda internacional e até num Banco Petroleiro Internacional, o que evitaria que os governos que contam com recursos tenham de colocar suas reservas em investimentos e fundos nos países ricos. "Temos de pensar nisso", disse. "Já basta do domínio do dólar no mundo", disse Chávez. Ele lembrou que a China e a Rússia irão sugerir a criação de uma moeda de reserva durante o encontro do G-20.

 

O pedido de apoio do venezuelano aos países árabes para a criação de uma "petro-moeda" é mais uma forma de enfraquecer o dólar e a posição americana. O projeto será levado ao Irã, amanhã. Mas nem todos os países produtos de petróleo mantêm uma relação de ódio com Washington. Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico estão entre os principais aliados da Casa Branca.

 

Impasse

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Nos projetos de aproximação entre árabes e sul-americanos, o Mercosul e os países do Golfo Pérsico emitiram uma declaração pedindo que haja uma aceleração nas negociação para a criação de uma área de livre comércio entre as duas regiões. Mas todos, inclusive o chanceler Celso Amorim, admitiram que ainda não há um acordo sobre como romper o impasse no processo lançado em 2005.

 

O principal obstáculo se refere ao comércio de produtos petroquímicos. Os árabes tem interesse na abertura dos mercados sul-americanos. Mas Venezuela e mesmo o setor privado brasileiro veem o tema com preocupação. "No momento em que o protecionismo ameaça ressurgir, queremos construir espaços econômicos que assegurem uma prosperidade compartilhada", disse Lula.

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