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Chefs do asfalto

A revolução dos food trucks segue a todo vapor, mas autoridades protegem os restaurantes em algumas cidades

Por The Economist
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O desempregado, chamado Roy Choi, começou a vender tacos de churrasco a US$ 2 em uma cozinha sobre rodas, postando mensagens no Twitter para os clientes enquanto circulava pelas ruas de Los Angeles. De lá para cá, o food truck gourmet de Choi serviu de inspiração para um reality show e uma produção hollywoodiana de sucesso, além de ter ajudado a impulsionar um segmento que movimenta US$ 1,2 bilhão ao ano nos EUA.

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No setor de alimentação americano, o negócio de food trucks, baseado em quitutes e acepipes, preços baixos e utilização inteligente das redes sociais, é o segmento que mais cresce. Os donos de restaurantes se pelam de medo com a possibilidade de perder seus clientes para uma frota gigantesca de food trucks, mas a preocupação é descabida. Segundo o

Departamento de Estatísticas do Trabalho, os condados do país em que os estabelecimentos itinerantes de alimentação apresentaram maior expansão foram também aqueles em que a atividade de restaurantes e bufês mais cresceu.

Apesar de muitas cidades americanas tratarem os food trucks como um modismo, um incômodo ou uma ameaça a comerciantes estabelecidos, outras optam por incentivá-los. 

Os food trucks americanos avançaram e restaurantes se sentem ameaçados Foto: Marilynk Yee|The New York Times

Em Portland, no Oregon, cidade conhecida por sua vibrante cena gastronômica, os trailers, caminhõezinhos, vans e barracas de comida colorem as ruas há décadas. Em 2008, depois que uma pesquisa da Universidade Estadual de Portland mostrou que a atividade beneficiava os moradores da cidade, as autoridades passaram a incentivar a utilização de terrenos baldios para a criação de “pátios” de food trucks.Hoje, segundo o site Food Carts Portland, os cerca de 600 mil habitantes da cidade podem escolher entre mais de 500 food trucks para lambiscar iguarias ou fazer um lanche rápido.

Parado. No entanto, os dados oficiais indicam que em algumas das maiores cidades dos EUA a revolução dos food trucks encontra-se estagnada. O segmento está sujeito a uma miscelânea de leis estaduais e municipais. Em poucos lugares elas são mais rígidas do que em Chicago. Por influência do poderoso segmento de restaurantes da cidade, as autoridades proíbem que os food trucks estacionem a menos de 60 metros de um restaurante, lanchonete, padaria ou qualquer outro estabelecimento fixo de alimentação. Tampouco podem permanecer por mais de duas horas num mesmo local. Os veículos têm de estar equipados com dispositivos de GPS, que registram sua localização a cada cinco minutos, sob pena de seus proprietários serem punidos com multas pesadas. Esse tipo de restrição estancou a expansão do segmento. Apesar de abrigar 7 mil restaurantes e 144 cervejarias artesanais, Chicago tem só 70 food trucks licenciados.

As autoridades da “cidade das ventanias” talvez sejam as que mais maltratam os food trucks nos EUA, mas as de Nova York e Boston não ficam muito atrás. Em Boston, os chefs itinerantes precisam disputar o direito de ocupar um lugar nas ruas, em localidades e horários específicos, participando de um sorteio anual. 

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Em Nova York, é necessária uma licença que vale por dois anos. Mas, para obtê-la, têm de entrar numa lista de espera de 15 anos, ou então desembolsar até US$ 25 mil pelo “aluguel” do documento no mercado negro. Adam Sobel, proprietário do Cinnamon Snail, popular food truck de comida vegana, encerrou suas atividades em 2015 por causa dos custos exorbitantes. “O sujeito precisa ser doido para ter um food truck em Nova York.”

A sorte dos proprietários de food trucks é que eles podem se deslocar para cidades em que são mais bem-vindos, como Minneapolis e Filadélfia. Por melhor que seja o tratamento que recebem das autoridades, porém, os chefs do asfalto continuam cultivando sua imagem de informalidade. “Antes o poder era todo dos restaurantes”, diz Han Hwang, chef e proprietário do Kim Jong Grillin’, de Portland. “Agora é do povo. Essa é a revolução que está acontecendo agora.”© 2017 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER, PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM.

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