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Chegou a hora de corte mais agressivo nos juros, diz executivo

Por Agencia Estado
Atualização:

O recuo da inflação e a reconquista da confiança dos investidores já acenam com a possibilidade de uma agressiva queda na taxa Selic, a partir das próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Esta é a opinião de Pedro Thomazoni, diretor de Mercado de Capitais do Lloyd´s TSB, ao analisar o atual cenário econômico brasileiro no programa Conta Corrente, da Globo News, Ele realçou, porém, que a questão dos juros tem que ser avaliada tecnicamente e o debate político a respeito pode ser danoso: "Acaba criando prêmios de risco desnecessários, fazendo, no fundo, o oposto do que os próprios políticos querem e onerando ainda mais a própria produção." Efeitos retardados Para Thomazoni, a queda acentuada da inflação (inclusive com deflação no IPA) abre espaço para um corte mais agressivo na taxa de juros, o que considera uma necessidade para todo o País. Em sua análise, o diretor do Lloyd´s explicou que decisões de política monetária só produzem efeitos na economia real num espaço de seis meses. "Os aumentos de juros praticados no início do ano estão provocando essa desaceleração na economia e a conseqüente queda muito forte nos preços, que se refletem nos índices de inflação. Portanto, agora, chegou realmente o momento de ter cortes mais agressivos na taxa de juros, como inclusive o próprio mercado financeiro já projeta, trabalhando com corte muito grande daqui até o final do ano." Apoio do FMI Sobre o apoio do Fundo Monetário Internacional à política econômica do governo Lula, que voltou a ser reiterado ontem em Washington, Pedro Thomazoni viu nisso um sinal de que os passos dados até aqui foram bastante coerentes e explicam os efeitos positivos nos principais indicadores do País, "exceto, é óbvio, o crescimento econômico". "É ótimo que o FMI queira renovar o acordo com o Brasil, porque isso mostra que nós temos bastante credibilidade junto ao Fundo. É interessante para o País avaliar isso no tempo necessário, no final do ano, quando vence esse acordo, se há necessidade ou não de renová-lo." Desempenho da área social decepciona Na próxima semana, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva estará completando seis meses de vida e a avaliação que vem sendo feita dele não difere da feita nos primeiros 90 dias. Ou seja, vai bem na economia, até melhor do que se supunha. E onde se esperava que fosse ainda melhor, na área social, os resultados até aqui obtidos são decepcionantes. Para os políticos, tanto do governo como da oposição, o melhor desempenho no Ministério é o de Antônio Palocci, na Fazenda, de acordo com a analista política Cristiana Lobo, do Jornal das Dez, da Globo News. "José Dirceu também vai bem na coordenação política, atesta o presidente do PT, José Genoino, lembrando que o governo já conseguiu construir sua maioria na Câmara e no Senado." No entanto, para a analista, a área social continua confusa: ministérios em excesso, superposição de ações e pouquíssimos resultados. O núcleo do Planalto reconhece essa deficiência em reuniões internas, tanto que já se fala em dar comando único às ações sociais do governo. "José Genoino compara o governo a um armário de gavetas, em que uma não se comunica com a outra, e nem sabe o que tem dentro da vizinha", diz a jornalista Pauta com os governadores. Ela acrescenta que o presidente Lula também está atento a essa deficiência do governo, e por isso incluiu na pauta de sua reunião com os governadores, na próxima segunda-feira, a discussão sobre os programas sociais. "O governo Lula desmontou muitos dos programas passados e, em alguns casos, nada colocou no lugar. A falta de recursos justifica um pouco da paralisia do governo na área social. Mas existe também deficiências de gestão e falta de experiência administrativa. Muitos ministérios estão praticamente paralisados. E já é hora de o governo começar a andar, porque, até agora, quem carregou o governo, praticamente sozinho, foi o presidente Lula."

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