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Chery importa vigas da China para fábrica em Jacareí

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Foram necessárias três viagens de navio, com duração média de 30 dias cada uma, e 150 caminhões, em comboios de 20 veículos por vez, para transportar, do Porto de Santos a Jacareí, no interior de São Paulo, as vigas de aço que vieram da China. Elas sustentam os edifícios da primeira fábrica de carros chineses no Brasil, a Chery, que será inaugurada em julho. Cerca de 60% a 70% do que tem na fábrica virá da China.Mesmo com os custos de frete, imposto de importação e toda a logística para a importação, incluindo batedores que acompanharam a subida pela serra, o produto chegou ao Brasil mais barato do que se tivesse sido comprado localmente.A disponibilidade do material também pesou na decisão de trazer do país sede a estrutura metálica da primeira fábrica completa a ser inaugurada pela Chery fora do mercado natal. O grupo fundado em 1997 é 100% estatal e tem unidades em algumas regiões, que só fazem a montagem de veículos com kits (CKDs) fornecidos pela matriz. "O Brasil é o primeiro país a ter uma fábrica total da Chery fora da China", diz Luis Curi, vice-presidente da empresa no Brasil. A filial terá linha de pintura, solda e montagem.Em território brasileiro, a empresa também vai produzir motores 1.0 e 1.5, provavelmente em Jacareí, por meio de uma divisão chamada Acteco, com início de operações previsto para o fim de 2014. Para a nacionalização desse componente, que inicialmente será importado, serão acrescidos US$ 130 milhões aos US$ 400 milhões de investimentos anunciados para a construção da fábrica de carros.Em abril começará a produção experimental do Celer, primeiro automóvel da marca a ser nacionalizado. Segundo Curi, não será o modelo importado atualmente, mas uma versão renovada, com mudanças na parte frontal e no interior. "Embora mais abrasileirada, é a mesma versão que será vendida nos demais mercados."EconomiaCuri não revela qual foi a economia na importação das vigas. Além das estruturas metálicas, a Chery vai trazer da China a cabine de pintura, robôs e equipamentos de teste. O executivo explica que, além da subsidiária brasileira, a Chery está construindo simultaneamente mais quatro fábricas na China."A negociação para a compra de matéria-prima e equipamentos foi toda feita em conjunto, o que reduziu os preços para todas as unidades." Uma das novas unidades é em parceria com a israelense Qorus para fazer carros de luxo que vão concorrer com Audi, BMW e Mercedes-Benz.O novo Celer que estreia no Brasil é o primeiro projeto de Hakan Saracoglu, que após 15 anos na Porsche assumiu em fevereiro o comando do centro de design da Chery em Xangai. Em 2015, a fábrica iniciará a produção do segundo modelo, identificado como Projeto S15, um subcompacto que deve substituir o QQ. No ano seguinte, entram em linha mais dois produtos, o S31 e o S32 (hatch e sedã), ambos ainda em desenvolvimento na China.No primeiro ano de operação a Chery do Brasil deve produzir 50 mil carros, volume que irá a 100 mil em 2016 e a 150 mil em 2018, quando os chineses apostam num mercado doméstico total de 5 milhões de veículos.A fábrica de Jacareí também vai fornecer para mercados como Argentina, Uruguai, Chile e Venezuela, hoje abastecidos pela China. Os países da América do Sul devem consumir cerca de 60 mil veículos da marca em 2014 e o Brasil, 30 mil.Este ano, contudo, a marca venderá cerca de 10 mil carros, num mercado que deve consumir 3,6 milhões de automóveis e comerciais leves. Curi credita o baixo desempenho às medidas de restrição aos importados adotadas pelo governo brasileiro, só amenizadas após a Chery habilitar-se ao Inovar-Auto, programa que dá benefícios às empresas que terão fábricas locais. O melhor ano foi em 2011, com 27 mil unidades vendidas.Na China, a Chery é a sétima maior montadora e a primeira entre as marcas independentes (sem joint venture com grandes fabricantes, como Volkswagen e GM). A marca vende, em média, 600 mil carros por ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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