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Chery inicia obras de fábrica no País e fala em trazer fornecedores chineses

Unidade em Jacareí (SP) será a primeira de uma montadora chinesa no Brasil, com previsão de início da operação em 2013; empresa diz que pode trazer até 20 fabricantes da China para fornecer autopeças, se não chegar a acordo com grupos brasileiros

Por e JACAREÍ
Atualização:

Uma cerimônia com cerca de mil convidados e apresentação de danças típicas marcou ontem o início das obras da primeira fábrica chinesa de automóveis no Brasil, a Chery, no município de Jacareí (SP). O início das operações está previsto para setembro de 2013, com a produção inicial de 50 a 60 mil unidades de dois modelos compactos. Até 2016, o plano é atingir 150 mil veículos anualmente.O primeiro carro a sair da linha de montagem será o Fulwin (ou A13), nas versões hatch e sedã, que será rebatizado com outro nome que possa ser adotado em toda a América do Sul. O segundo será um modelo desenvolvido especialmente para o mercado local. Além de países da região, a intenção do grupo é futuramente exportar para México e África do Sul. Quem esperava um carro nacional ultrabarato poderá se decepcionar. O primeiro automóvel chinês feito no Brasil vai custar mais caro do que o QQ, modelo importado da matriz e revendido a R$ 22.990. Há fila de espera de cerca de três meses.O preço do novo produto ficará entre R$ 23 mil e R$ 32 mil - valor do também importado Face, informou o presidente da Chery do Brasil, Luis Curi. "Vamos manter preços atrativos para o produto nacional", adiantou. "Esse será nosso diferencial." Segundo ele, o grupo não espera obter lucro com a operação brasileira no médio prazo.Fornecedores. Nas próximas semanas, a direção da Chery vai promover encontro com fornecedores de componentes para avaliar o que poderá ser adquirido no País. Para peças que não tiverem disponibilidade local ou fornecedor adequado, a companhia trará fabricantes chineses. "Temos condições de trazer até 20 fornecedores da China para se instalarem ao redor da fábrica", informou Yin Tongyao, presidente mundial da montadora.O investimento na primeira etapa do projeto é de US$ 400 milhões, totalmente bancado pela matriz, com parte do montante obtido em empréstimos junto a bancos chineses. Segundo Tongyao, é o maior investimento do grupo fora da China. A fábrica de Jacareí também será a primeira linha de montagem completa da Chery fora do país de origem. Há outras 16 filiais em diversos países, mas todas operam com o sistema CKD (recebem conjuntos prontos da matriz e apenas executam a montagem dos kits)."O Brasil é praticamente um país desenvolvido, assim como sua indústria automobilística", afirmou Tongyao. "Nosso plano não é só fabricar carros, mas inovar no Brasil."O investimento inclui a criação de um centro de desenvolvimento, mas, inicialmente, fará apenas adaptações nos veículos para adequação ao mercado brasileiro. O primeiro carro nacional será equipado com motor flex que está sendo desenvolvido pela própria Chery chinesa, em parceria com as subsidiárias brasileiras da Delphi e da Magneti Marelli.Até 2015, a Chery pretende produzir quatro modelos no Brasil, todos voltados para "atender o novo consumidor que está chegando ao mercado", segundo Curi, referindo-se à classe C.O vice-presidente internacional da Chery, Du Weiqiang, disse que, inicialmente, os modelos terão apenas 30% de peças nacionais, índice que chegará a 50% conforme a produção aumentar. Para exportar a países do Mercosul, as normas brasileiras exigem índice mínimo de nacionalização de 60%.A Chery vai gerar entre 1,2 mil e 1,5 mil empregos diretos no início das operações, número que poderá chegar a 4,5 mil quando a fábrica estiver com capacidade máxima. Neste ano, a marca vendeu cerca de 9 mil carros no País. Segundo Curi, o objetivo é comercializar 30 mil unidades até o fim do ano, e atingir participação de 1% do mercado total. Presente ao evento, o governador Geraldo Alckmin anunciou a duplicação da Biagino Chief, estrada de acesso à fábrica.

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