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China diz que não aceita pressão dos EUA sobre yuan

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse neste domingo que a China quer "independência" na hora de empreender a liberalização de sua moeda nacional, o yuan, em resposta ao ultimato lançado pelos EUA nesta semana. Wen, que inaugurou em Tianjin (norte da China) a VI reunião de ministros de Economia e Finanças da Ásia e Europa (Asem), destacou que seu país quer "independência, capacidade de controle e progresso gradual" na hora de flexibilizar sua moeda, cuja taxa de câmbio com relação ao dólar se mantém quase fixa há onze anos. "Nós determinaremos a forma e conteúdo da reforma, assim como o momento em que será feita", assegurou Wen, destacando que "cada país tem direito de escolher seu mecanismo de câmbio de divisas e as políticas que se adaptem melhor a suas condições internas". As palavras de Wen são uma resposta à posição anunciada em 22 de junho pelo governo dos EUA, que deu à China um prazo de 90 dias para valorizar sua moeda e ameaçou com restrições às exportações chinesas. Washington lidera o grupo de governos que considera que a moeda chinesa é mantida artificialmente desvalorizada por Pequim a fim de estimular a exportação, o que segundo os EUA causou enormes perdas econômicas e de postos de trabalho nas empresas americanas. O primeiro-ministro alheio às pressões americanas, assinalou que a China atuará na reforma passo a passo, "para evitar uma pressa inútil" e considerando as necessidades presentes e futuras. Pequim, acrescentou, levará sempre em conta o impacto que a flexibilização do yuan teria na estabilidade macroeconômica nacional, "assim como a capacidade das empresas de enfrentar essa mudança", para prevenir oscilações excessivas do mercado financeiro. Wen, perante os representantes de Economia e Finanças dos 25 países da UE e 13 governos asiáticos, destacou que seu país há de levar em conta os efeitos que a valorização poderia ter nos países e regiões vizinhas, "já que um yuan estável contribui para a estabilidade mundial". O primeiro-ministro destacou que a taxa fixa do yuan em relação ao dólar contribuiu para reduzir os efeitos da crise asiática de 1997-98: "Sua estabilidade aliviou os problemas dos países e regiões vizinhas". A China adotou em 1994 o sistema cambial atual, pelo qual o câmbio se mantém em 8,28 yuans por dólar com um pequeno nível de oscilação. Euro - Wen pediu neste domingo aos países asiáticos que apóiem junto com os europeus "o papel do euro na hora de manter a estabilidade financeira internacional". No discurso de inauguração da reunião de Tianjin, o primeiro-ministro destacou que os 38 países de Asem devem aprofundar sua cooperação no setor fiscal e financeiro, trocar regularmente informação econômica e política e, em resumo, "fortalecer a cooperação em todas as áreas". "A Ásia é a economia mais dinâmica do mundo e a União Européia é a mais desenvolvida, por isso a cooperação tem enormes possibilidades", ressaltou. O primeiro-ministro lembrou que a China propôs criar no marco da Asem um "Mecanismo de Diálogo de Contingências" para se reunir em crise econômicas internacionais e outros eventos que afetem os dois blocos. Ele acrescentou que a Asem deve continuar apoiando o desenvolvimento das economias mais pobres da região euroasiática, com o objetivo de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos pela ONU. Além disso pediu que a UE e os 13 países asiáticos da Asem "adotem políticas macroeconômicas responsáveis por manter a estabilidade das reservas de divisas, evitar grandes oscilações no preço do petróleo e prevenir o aumento do protecionismo comercial". Wen também falou sobre a ascensão econômica da China, um dos eventos macroeconômicos mais importantes dos últimos anos, e destacou que o desenvolvimento do país "não é uma ameaça para nenhum outro", e por outro lado "contribuirá à paz e prosperidade do mundo".

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