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China é "oportunidade estratégica" para Brasil, diz Amorim

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, qualificou como "excelente" a sua visita à China, na qual manteve uma série de contatos com autoridades e investidores do terceiro maior parceiro comercial do Brasil. Em entrevista por telefone para a Agência Estado, em Tóquio, Japão, onde permanecerá até amanhã, ele demonstrou confiança no fortalecimento das relações sino-brasileiras. "Apesar de nossas relações já serem intensas, tanto do ponto de vista político como comercial, ficou claro o enorme interesse dos chineses pelo Brasil", disse Amorim. "Em várias reuniões que mantive não foi necessário nem mesmo levantar a questão dos investimentos, eles mesmos tomavam a iniciativa." Segundo o ministro, estão equivocados aqueles que temem o crescente vigor da economia chinesa e o seu peso no cenário internacional. "Para nós a China não é uma ´ameaça estratégica´, mas sim uma ´oportunidade estratégica´. "Amorim destacou o crescente interesse das empresas brasileiras na China. "A Varig abriu seu escritório na China, a Petrobrás também e a Embraer já tem uma parceria, ou seja, nossos laços já são muito fortes e vão continuar crescendo." Chineses querem investir na malha ferroviária brasileira Os assuntos comerciais dominaram boa parte da agenda do ministro. Segundo ele, os chineses reafirmaram seu interesse em vários setores brasileiros, como o siderúrgico, da indústria aeronáutica e agricultura. Amorim afirmou que os chineses sinalizaram também a disposição de iniciarem a importação da carne in natura do Brasil. "A China está interessada em investir na melhora da malha ferroviária do Brasil pois assim seria criada uma saída das nossas exportações via Oceano Pacífico", disse Amorim. Além disso, segundo os ministros, os chineses indicaram disposição em manter parcerias na área de software e cooperação na área de energia nuclear para fins pacíficos. Um acordo comercial entre a China e o Mercosul também foi um dos temas abordados. Já foram realizadas quatro reuniões entre os dois lados e Amorim acredita que o próximo encontro, nos próximos meses, deverá mostrar resultados concretos. "É um processo gradual de negociação, complexo, mas cujas perspectivas são muito boas", disse. "A exemplo do que o Mercosul está fazendo com a Índia, o primeiro passo deverá ser um acordo de preferência." Apoio à entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU No ambito político, Amorim afirmou que as autoridades chinesas deram sinais claros de que vêem com simpatia a aspiração brasileira de integrar de forma permanente o Conselho de Segurança das Nações Unidas. "Não houve um apoio explícito, mas eles disseram que apóiam a reforma do conselho, a necessidade de que ele seja ampliado para abrigar países em desenvolvimento e que o Brasil é um dos líderes entre esses países, ou seja, a mensagem é clara", disse. Segundo o ministro, as autoridades chinesas rafirmaram seu compromisso com o G 20 e importância de sua atuação nas negociações multilaterais de Comércio. "As pessoas costumam dizer que o Brasil é o líder do G 20, mas a China está no grupo desde a sua criação", disse. "A liderança é compartilhada pelo Brasil, China e outros países." Amorim afirmou que as autoridades chinesas demonstraram também um "grande entusiasmo" em estabelecer programas de cooperação com o Brasil na área social. Japão é parceiro tradicional do Brasil, mas relações estavam estagnadas Sobre a sua visita ao Japão. Amorim disse ter a expectativa de as relações entre os dois países retome o ímpeto do passado. "Brasil e Japão são parceiros tradicionais, mas nos últimos anos essas relações andavam estagnadas", disse. "Os investidores japoneses participaram do processo de privatização da década passada, mas desde então houve uma queda nos investimentos no Brasil", disse. "Esperamos reforçar essa relação." Segundo o ministro, "há, da parte do Japão, um grande interesse político pelo Brasil". Por isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá visitar o país neste ano ou no máximo em 2005.

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