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China eleva juro para conter alta dos preços

Inflação em junho foi a maior desde setembro de 2004

Por Paulo Vicentini
Atualização:

O Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês), o banco central chinês, elevou ontem a taxa básica de juros para empréstimos de um ano de 6,57% para 6,8%, ao mesmo tempo que aumentou a remuneração dos depósitos bancários de 2,79% para 3,3%. Os aumentos entram em vigor hoje. A elevação dos juros para os empréstimos bancários, a terceira no ano, era aguardada com relativa tranqüilidade pelo mercado. "É uma notícia sem surpresas, é um passo adiante útil, mas as autoridades ainda devem reforçar seu controle de maneira mais agressiva para evitar o superaquecimento", comentou Ben Simpfendorfer, analista do Royal Bank of Scotland em Hong Kong. Ele espera para breve uma elevação das taxas das reservas obrigatórias dos bancos. A nova alta foi puxada pelos robustos indicadores econômicos do primeiro semestre do ano. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês registrou expansão de 11,5% entre janeiro e junho deste ano ante o mesmo período de 2006. A aceleração da economia ficou ainda mais evidente com o avanço de 11,9% no segundo trimestre, maior taxa desde 1994. O aumento da taxa de juros, segundo os analistas, tem como principal objetivo deter as pressões inflacionárias. O governo chinês informou que a inflação de junho chegou a 4,4%, comparada com o mesmo mês do ano passado. É o pior desempenho desde setembro de 2004. Para os economistas chineses, os ativos fixos e o excesso de liquidez também justificam o novo aumento da taxa de juros. Os investimentos em ativos fixos, que respondem por aproximadamente 49% da expansão do PIB chinês desde 2001, dispararam 25,9% no primeiro semestre ante o mesmo período de 2006, para US$ 716 bilhões. Para analistas, porém, o efeito do aumento da taxa de juros é limitado. O excesso de liquidez do sistema bancário é provocado por uma poupança interna estimada em US$ 4,89 trilhões e pelos consecutivos saldos comerciais chineses, que totalizaram US$ 112,5 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano, com uma alta de 84% no comparativo anual. MENOS IMPOSTO Também ontem, o Conselho de Estado da China informou que vai reduzir o imposto sobre ganhos com juro de 20% para 5% a partir de 15 de agosto. De acordo com a agência de notícias Xinhua, a medida vai aumentar o rendimento dos depósitos de indivíduos, que estavam ameaçados pela aceleração da inflação.

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