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China está preocupada com recursos nos EUA

Governo americano reage e garante segurança dos bônus americanos

Por AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Atualização:

Com US$ 1 trilhão aplicado em títulos do Tesouro americano e outros ativos, a China ontem levantou dúvidas sobre a liquidez desses papéis. O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou estar "preocupado" com a segurança dos investimentos e declarou esperar que Washington proteja o valor deles. As incômodas declarações provocaram uma reação rápida da Casa Branca. O porta-voz do governo americano, Robert Gibbs, veio a público responder que "não há investimento mais seguro no mundo do que os Estados Unidos." O primeiro-ministro chinês ainda antecipou que vai ampliar o plano de estímulo, caso a economia chinesa piore. Após o encerramento do Congresso Nacional Popular anual na China, Wen lembrou que Pequim é o maior credor externo dos EUA. "Temos feito uma quantidade enorme de empréstimos aos EUA e, obviamente, nos preocupamos com a proteção de nossos ativos", disse. "Sinceramente, estou um pouco apreensivo." Ele ainda cobrou dos EUA uma resposta à crise que não sacrifique o valor dos papéis da dívida americana. Com o plano de estímulo econômico, o déficit público americano está projetado para US$ 1,75 trilhão em 2009. "Gostaria de pedir aos EUA que cumpram sua palavra e continuem uma nação confiável e garantam a proteção dos ativos chineses." Wen afirmou que a China deve adotar uma política de diversificação do investimento no exterior. Segundo analistas, quase a metade das aplicações internacionais chinesas corresponde a bônus e outros títulos americanos. Os EUA esperam que o governo chinês continue adquirindo títulos do Tesouro para financiar seu pacote de estímulo de US$ 787 milhões. No mês passado, a secretária de Estado, Hillary Clinton, visitou a China para convencer Pequim de que a aplicação é confiável. Na resposta que o porta-voz da Casa Branca ofereceu ao governo chinês ontem, Gibbs ainda afirmou que o melhor que os EUA podem fazer para lidar com as preocupações sobre sua posição fiscal é aprovar o projeto do orçamento do ano fiscal 2010 do presidente Barack Obama, que vai reduzir pela metade o déficit federal até o fim do seu mandato. Já o assessor econômico do presidente americano Lawrence Summers reafirmou o compromisso de Washington com a liquidez dos papéis do Tesouro americano. "Há um compromisso que o presidente deixou muito claro, de que necessitamos ser zelosos guardiães do dinheiro que investimos." As declarações de Wen podem ter antecipado o teor de uma possível conversa entre Obama e o presidente chinês Hu Jintao no dia 2 de abril, em Londres, durante a reunião do G-20 (grupo dos 20 países mais industrializados do mundo).

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