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China já dá mais subsídios agrícolas que EUA e Europa

Valor do apoio aos produtores equivale a US$ 15,3 bi por ano e supera os US$ 12,1 bi dos americanos e os US$ 12,6 bi dos europeus

Por JAMIL CHADE e CORRESPONDENTE na Suíça
Atualização:

A China já dá mais subsídios para sua produção agrícola do que os Estados Unidos e a Europa, tradicionalmente os maiores fornecedores de recursos ao produtores e acusados por anos de distorcerem os mercados. Um documento confidencial obtido pelo 'Estado', datado de 28 de janeiro e enviado por um grupo de países à secretaria da Organização Mundial do Comércio (OMC), indica que Pequim distribuiu o equivalente a US$ 15,3 bilhões em apoio ao setor agrícola por ano. O volume é superior aos US$ 12,1 bilhões dados pelos americanos a seus agricultores em subsídios domésticos e ultrapassa ainda o volume de US$ 12,6 bilhões dados pelos europeus por ano. Os dados reabriram o debate sobre o futuro da regulação dos subsídios agrícolas entre os governos, uma velha batalha do Brasil para garantir que possa exportar em condições de igualdade. O levantamento foi produzido por um grupo liderado pelos governos da Austrália, Chile, Canadá, Paraguai e Uruguai, todos preocupados com o impacto dos subsídios pelo mundo, tanto no impacto sobre os preços das commodities como na competitividade de cada uma das produções.

Governo chinês afirma que política de subsídios evita exôdo rural. Dinheiro vai principalmente para a produção de arroz, milho, cereais e algodão Foto: Aly Song/Reuters

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No documento, o Brasil aparece como tendo dado cerca de US$ 3 bilhões ao setor agrícola em subsídios domésticos. Os dados, segundo a delegação americana, revelam que já não se pode apenas culpar EUA e Europa por distorções nos mercados das commodities, uma antiga briga dos governos emergentes. O dinheiro chinês vai principalmente para a produção de arroz, algodão, cereais e milho.

Se diversos governos admitem que a tendência na China pode ser preocupante em alguns anos, autoridades como a do Brasil afirmam em reuniões em Genebra que as distorções criadas pelos subsídios americanos e europeus continuam sendo superiores às dos chineses.

Além de contar com os subsídios às exportações, o dinheiro de Washington e Bruxelas iria para um grupo concentrado de empresas e produtores, afetando os preços. No caso chinês, Pequim alega que a meta é a evitar o êxodo rural. Em apenas dez anos, 200 milhões de chineses deixaram o campo em direção às cidades.

O governo aponta ainda que os subsídios representam apenas 3% da renda de um fazendeiro, enquanto nos EUA e Europa o dinheiro do Estado chega a cobrir 40% da renda dos produtores.

Em meados de 2014, a China chegou a indicar que iria aumentar ainda mais os subsídios. Uma das metas de Pequim é de evitar que a área cultivada do país seja inferior a 120 milhões de hectares. A meta é ainda a de garantir um aumento da produção de grãos em 50 milhões de toneladas. Hoje, essa colheita chega a 602 milhões de toneladas.

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