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China promete comprar do Brasil manufaturados

Comunicado assinado pelos dois países busca assegurar a reciprocidade no relacionamento comercial e ampliar parceria

Por PEQUIM e Claudia Trevisan CORRESPONDENTE
Atualização:

A China se comprometeu a incentivar o aumento das importações de produtos manufaturados do Brasil, segundo comunicado dos dois países divulgado ontem, durante visita da presidente Dilma Rousseff. Com dez páginas e 29 itens, o comunicado é o mais longo já assinado por presidentes dos dois países e reflete a crescente institucionalização do relacionamento bilateral. O comunicado, assinado por Dilma e pelo presidente da China, Hu Jintao, diz que os dois países reconhecem a necessidade de intensificar o diálogo sobre estruturas de comércio e diversificação da parceria bilateral. "A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil. A parte brasileira reafirmou o compromisso de tratar de forma expedita a questão do reconhecimento da China como economia de mercado (...)" , informa o documento.A cobrança dos chineses levou a presidente Dilma Rousseff a concordar com a inclusão do tema de reconhecimento da China como economia de mercado, embora o aceno seja mais retórico do que prático. O Itamaraty não mostra intenção em ver concluído o procedimento interno - iniciado em 2004, no governo Lula - para reconhecer a China como economia de mercado.Depois de assinar acordos de cooperação com Hu Jintao, Dilma disse estar confiante em um superávit comercial "de outra qualidade" na aliança com a China. "Uma relação só vai para a frente quando beneficia os dois lados", afirmou ela, após brindar com o presidente Hu o que definiu como "novo capítulo" da parceria. "O que valer para o Brasil vale para a China, e vice-versa."Tom duro. Ao longo do dia, no entanto, o tom adotado por Dilma foi mais duro. No encerramento de um seminário empresarial, a presidente disse que, no mercado globalizado do século 21, nenhuma nação deve agir como se interesses individuais estivessem acima do coletivo. "Nenhum país pode aspirar o isolamento nem assegurar sua prosperidade à expensa de outros", insistiu. "A estabilidade e o crescimento da economia mundial dependem de um relacionamento equilibrado entre as partes." Dilma e Hu Jintao participaram de reunião de trabalho e de um banquete no Grande Palácio do Povo, o edifício em estilo soviético na Praça Tiananmen, coração político da capital chinesa.Dilma deixou o encontro com acordos comerciais para venda de aviões, anúncios de investimentos no setor de tecnologia no Brasil, abertura do mercado local para carne suína e a promessa de diversificação das exportações brasileiras ao país asiático.Queixas. A exigência de reciprocidade responde a queixas de empresas brasileiras que enfrentam barreiras para investir na China ou exportar produtos de maior valor agregado. "Precisamos agregar valor antes de exportar, e não achar que é absolutamente natural que só exportemos produtos básicos."O aumento da participação de bens industrializados foi o principal objetivo comercial da visita. "Temos clareza de que queremos um superávit de outra qualidade, não só baseado em commodities", afirmou a presidente.Segundo ela, a China se mostrou disposta a abrir espaço para produtos de valor agregado. O primeiro gesto será o envio ao Brasil, em maio, de uma "missão de compras" chefiada pelo ministro do Comércio, Chen Deming, cujo objetivo será adquirir produtos industrializados. Dependência globalDILMA ROUSSEFFPRESIDENTE"Nenhum país pode aspirar o isolamento nem assegurar sua prosperidade à expensa de outros"

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