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China quer reduzir meta do PIB para 7%

Economia não deve atingir objetivo de crescimento pela primeira vez desde 1999, registrando a mais fraca expansão em 24 anos

Por PEQUIM
Atualização:
Importações do país encolheram 6,7% em novembro, ampliando a pressão para que o governo aumente estímulos Foto: AFP

Líderes da China vão se reunir amanhã para um encontro anual com o objetivo de delinear planos econômicos e de reformas para o próximo ano, e alguns conselheiros influentes junto ao governo estão recomendando que o corte da meta de crescimento em 2015 para 7,0%.

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A China parece estar a caminho de não atingir sua meta de crescimento este ano pela primeira vez desde 1999, e a expansão no ano deve ser a mais fraca em 24 anos. O governo cortou sua meta de crescimento anual pela última vez em 2012, para 7,5% ante o objetivo de 8,0% que manteve por oito anos.

Fontes disseram que institutos administrados pelo governo, que são influentes no processo de tomada de decisão mas não têm poder em si, estão planejando recomendar que Pequim reduza sua meta oficial para o crescimento do Produto Interno Bruto em 2015 para 7,0%.

"O presidente Xi (Jinping) já fez indicações sobre a meta de crescimento quando disse que expansão de 7,0% é a mais alta do mundo", disse um economista sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais, que não quis ser identificado. "Acredito que deveria ser 7,0% caso não haja mais surpresas. Mas não pode ser menos, do contrário podem haver problemas de emprego e de calote de dívida."

A Conferência de Trabalho Econômico Central pode reiterar uma política monetária prudente, porém fontes acreditam que o tom fundamental pode ser acomodatício para combater uma forte desaceleração do crescimento.

Economistas esperam que as autoridades embarquem na maior campanha de estímulos econômicos desde a crise financeira global, prevendo uma combinação de mais cortes de juros e reduções de taxas de compulsório de bancos para encorajar os empréstimos apesar da crescente inadimplência.

Após meses dizendo que grandes medidas de estímulos não eram necessárias, o banco central surpreendeu os mercados em 21 de novembro ao cortar a taxa de juros pela primeira vez em mais de dois anos.

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Diversos institutos também sugeriram que o governo reduza sua meta para inflação ao consumidor para cerca de 3,0%, ante os 3,5% deste ano, dada a queda do preço das commodities.

Comércio externo.

Ainda ontem foi anunciado outro indicador econômico que causou surpresa. As importações da China encolheram de forma inesperada em novembro e o crescimento das exportações desacelerou, alimentando preocupações de que a segunda maior economia do mundo pode estar enfrentando uma desaceleração mais forte e ampliando a pressão para que as autoridades aumentem as medidas de estímulo.

As exportações subiram 4,7% sobre um ano antes, enquanto as importações caíram 6,7%, maior queda desde março, de acordo com dados divulgados pela Administração Geral de Alfândegas. Os números deixaram o país com superávit comercial recorde de US$ 54,5 bilhões, o que segundo analistas pode aumentar a pressão sobre o yuan mesmo que os exportadores estejam enfrentando dificuldades.

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Dúvidas.

As exportações têm sido o único ponto de destaque da economia chinesa nos últimos meses, talvez ajudando a compensar a fraca demanda doméstica, mas tem havido dúvidas sobre a precisão dos números oficiais diante de sinais de ressurgência de fluxos cambiais especulativos através de operações de comércio infladas.

Dariusz Kowalczyk, do Crédit Agricole CIB, afirmou que esse cenário pode ter sido contido em novembro, o que contribuiu para uma leitura mais fraca. Mas acrescentou que a contração das importações foi "chocante". "Isso significa que vai aumentar a pressão sobre o governo para fazer mais e estimular o crescimento."

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Após dizer por meses que a China não precisava de nenhum grande estímulo econômico, o banco central do país surpreendeu ao cortar os juros em 21 de novembro.

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