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China vai crescer mais que 8%, dizem analistas

Previsão oficial é descartada por especialistas, que sustentam que expansão chinesa, puxada por estímulo oficial e crédito bancário, deve ser de até 9%

Por Cláudia Trevisan e PEQUIM
Atualização:

O ritmo de expansão da economia chinesa vai acelerar para 8,5% no terceiro trimestre, segundo previsão divulgada ontem pelo Centro de Informação do Estado, organismo de pesquisas da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, o equivalente local do Ministério do Planejamento. Depois de atingir 6,1% nos primeiros três meses do ano, o índice subiu para 7,9% no trimestre seguinte, em relação a igual período do ano passado. A expansão se deu sob impulso do pacote de estímulo de US$ 584 bilhões anunciado pelo governo em novembro e da espetacular expansão no crédito bancário - mais de US$ 1 trilhão nos primeiros sete meses do ano. Antes mesmo de a previsão oficial para o terceiro trimestre ser divulgada, alguns analistas já haviam revisto para cima suas projeções de crescimento O Citibank espera agora expansão de 8,7%, enquanto o Goldman Sachs aposta em 9,4%. A meta de 8% fixada pelo governo para 2009 parece cada vez mais conservadora. São raros os analistas que esperam índices inferiores e as previsões para 2010 são ainda mais positivas. O Morgan Stanley prevê 9% de expansão em 2009 e 10% no próximo ano. Sob o impacto da crise global, o crescimento chinês desacelerou de 13% em 2007 para 9% no ano passado. A economia atingiu o fundo do poço no fim de 2008, mas reagiu a partir do segundo trimestre de 2009, graças ao pesado estímulo oficial. As evidências de que a política expansionista do primeiro semestre chegou ao fim provocaram quedas na Bolsa de Xangai no início da semana passada, mas os investidores recuperaram o entusiasmo nos dois últimos dias de pregão, quando as ações se valorizaram 6,21%. Os financiamentos bancários caíram de US$ 220,6 bilhões em junho para US$ 52,4 bilhões no mês seguinte. A previsão dos analistas é que o volume de novos créditos gire em torno US$ 65 bilhões ao mês até o fim do ano, patamar mais próximo do registrado em 2008. A agência de notícias Bloomberg afirmou ontem que as autoridades chinesas vão impor aos bancos mudanças contábeis que, na prática, reduzirão a quantidade de recursos disponíveis para empréstimos. Mas ninguém espera um aperto drástico da política monetária e a maioria dos analistas prefere falar em "acomodação" e "ajuste". Nas previsões divulgadas ontem, o Centro de Informação do Estado ressaltou que a política monetária deverá continuar frouxa no segundo semestre, já que os preços estão em queda e não há risco de inflação. Mesmo com a expectativa de menor liquidez, os analistas do Morgan Stanley esperam que a Bolsa de Xangai mantenha trajetória de alta e chegue ao patamar de 4.000 pontos dentro de 12 meses, o que significaria valorização de pouco mais de 30% em relação aos níveis atuais. A Standard & Poors também espera recuperação do mercado, ainda que não descarte queda adicional de 5% para realização de lucros, depois da forte alta registrada até julho. A agência acredita que o índice da Bolsa de Xangai poderá estar em 3.300 pontos no fim do ano. O Morgan Stanley afirma que a oferta de recursos para especulação com ações vai diminuir, mas ressalta que haverá liquidez suficiente para financiar o crescimento da economia e a operação das empresas. Além disso, os analistas do banco sustentam que o lucro das companhias está em trajetória de recuperação. O lucro operacional de 706 empresas que divulgaram resultados aumentou 50% no segundo trimestre deste ano ante o primeiro, diz relatório do Morgan Stanley.

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