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China vê forte desaceleração no 1º trimestre

Retração econômica terá impacto no nível de emprego, diz ministro

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

Os indicadores de atividade econômica da China se deterioraram rapidamente desde o início de novembro e apontam para uma desaceleração acentuada, que terá impacto no emprego, afirmou o ministro responsável pela área de planejamento, Zhang Ping. Segundo o jornal oficial China Daily, vários economistas já prevêem que o ritmo de expansão do PIB poderá cair para até 6% no quarto trimestre, o que levaria o crescimento de 2009 a cerca de 9%, abaixo das previsões de 9,4% a 9,6% da maioria das análises. As projeções para o próximo ano indicam um primeiro trimestre extremamente difícil, com o ritmo de expansão entre 5% e 6%, o mais baixo em quase duas décadas. "A crise financeira global ainda não chegou ao fim. Seu impacto está se espalhando globalmente e se acentuando na China. Alguns indicadores apontam para uma forte desaceleração em novembro", afirmou ontem Zhang Ping, ministro da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento. Segundo ele, o governo terá de adotar "medidas enérgicas e de impacto visível" para evitar uma desaceleração excessiva da economia. Os dados de outubro já indicavam queda no consumo de energia e desaceleração em vários setores, como o de aço. A produção industrial cresceu 8,2%, a menor em sete anos e bem inferior aos 17,9% de um ano atrás. "Algumas empresas interromperam as operações total ou parcialmente e isso naturalmente tem impacto no emprego. Em algumas regiões, estamos vendo trabalhadores rurais retornarem às suas casas no campo", disse o ministro. Anteontem, as autoridades de Pequim realizaram o maior corte de juros desde a crise asiática, em 1997, e reduziram a taxa básica em 1,08 ponto porcentual, para 5,58%. Há duas semanas, o governo anunciou um pacote de US$ 586 bilhões que serão gastos até 2010 em obras de infra-estrutura como ferrovias, estradas, portos e aeroportos. Zhang Ping afirmou que novas medidas serão adotadas, principalmente para estimular o consumo doméstico, em meio à retração na demanda mundial. Terceira maior economia do planeta, a China respondeu em 2007 por 27% do crescimento do mundo. O ritmo de expansão está em queda há cinco trimestres consecutivos e se reduziu para 9% no período julho-setembro, o menor patamar em cinco anos. Na quarta-feira, o Banco Mundial anunciou a redução de sua projeção de crescimento da China no próximo ano de 9,2% para 7,5%. Se confirmado, será o menor ritmo de expansão do país desde 1990.

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