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Choque nos juros faz Ipea revisar projeções

Por Agencia Estado
Atualização:

Com o aumento de três pontos porcentuais na taxa básica de juros, dificilmente o ano de 2003 será encerrado com uma taxa de juros em torno de 14% e crescimento da economia de 2,2%, como previa o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento. Para este ano, porém, os economistas do Ipea continuam apostando na elevação de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB). "Se houver alguma alteração, será muito marginal", diz Paulo Levy, coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do instituto. Ele explica que mudanças como esta demoram a se refletir na economia real. "Sempre há uma defasagem de dois a três meses. E, como estamos no último trimestre do ano, não haverá reflexo nos indicadores de 2002", comenta o economista. Embora a convocação extraordinária do Copom tenha deixado frustrada uma vertente do mercado que esperava por um "choque de juros", Levy considerou a proporção do aumento na Selic "bastante significativa", dentro do regime de câmbio flutuante. "Agora o custo de apostar contra o real ficou muito grande", defende. O Ipea havia projetado uma trajetória cadente para a taxa de juros que, pela última simulação do órgão, chegaria o fim do ano em 17,5%. A média anual, por estes cálculos, ficaria em 17,8%. "Não ficaremos muito longe disso", diz Levy. Para o futuro, porém, tudo vai depender do efeito que a medida irá provocar em variáveis como a inflação. "Se os atores da economia tomarem a medida como uma política em direção da queda da inflação, isto pode afetar a expectativa de juros futuros", comentou. Neste caso, o efeito será positivo. Na avaliação do economista, a limitação do Banco Central ao adotar a política de elevação de juros vem basicamente do aumento do custo da dívida. "Se o mercado deduzir que o custo da dívida ficou muito alto, o tiro pode sair pela culatra, com uma fuga em direção ao dólar e novas elevações cambiais", afirma. Para ele, o importante agora é mostrar que o BC não está assistindo passivamente à especulação com o câmbio. "Se o câmbio futuro é menor que o atual é sinal de que o mercado espera por uma apreciação cambial".

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