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Chrysler e GM apresentam plano e pedem mais dinheiro

Chrysler pediu mais US$ 2 bilhões. GM precisa de mais US$ 16,6 bi em ajuda federal

Por Danielle Chaves
Atualização:

A montadora norte-americana Chrysler apresentou seu plano de viabilidade para o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos nesta tarde, no qual pede US$ 2 bilhões em empréstimos adicionais aos US$ 7 bilhões pedidos em dezembro. A Chrysler já recebeu US$ 4 bilhões em empréstimos federais. Já a GM pediu acesso a mais US$ 16,6 bilhões em ajuda do governo dos Estados Unidos e afirmou que ficará sem dinheiro no próximo mês se não receber ajuda federal. A maior montadora dos EUA, que está sobrevivendo com o empréstimo de US$ 13,4 bilhões concedido pelo governo nos últimos meses, expôs ao Departamento do Tesouro dos EUA um plano para fechar mais 14 fábricas, eliminar centenas de revendedores e cortar 47 mil empregos neste ano em todo o mundo.   Veja também: De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise   A GM disse que não conseguiu fechar acordos importantes com o United Auto Workers (UAW), sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva dos Estados Unidos, e com detentores de bônus para reduzir os custos trabalhistas e enxugar sua dívida de US$ 47 bilhões. As negociações entre as duas partes deverão prosseguir. O UAW informou no fim da tarde que aceitou um acordo prévio sobre mudanças contratuais com as três grandes montadoras de Detroit.   Em um documento de mais de 100 páginas apresentado ao Tesouro, a companhia argumentou que a concordata seria ainda mais custosa e prolongaria uma reestruturação apoiada pelo governo. A montadora disse que uma concordata tradicional poderia custar até US$ 100 bilhões, atribuindo esse custo à receita perdida.   No lugar disso, a GM propõe uma aceleração da redução do tamanho da empresa, que envolveria cortes mais profundos do que os previstos em dezembro. As medidas incluem o fechamento de 14 fábricas até 2012, em vez das 9 previamente calculadas, a eliminação de 47 mil empregos horistas e assalariados neste ano em todo o mundo e o fim da marca Hummer neste ano e da Saturn em 2011, se nenhuma alternativa surgir.   O pedido de empréstimo da GM inclui US$ 4,6 bilhões em março e abril. Essa valor levaria o empréstimo total a US$ 18 bilhões, que é o volume que a GM pediu inicialmente, em dezembro. Adicionalmente, a GM está pedindo US$ 7,5 bilhões em linha de crédito que poderia ser sacada em um cenário mais baixista e está pedindo o adiamento do reembolso de uma linha de crédito de US$ 4,5 bilhões que vence em 2011. A montadora vai buscar ajuda do governo de outros países e vai reestruturar suas operações em todo o mundo.    Chrysler   No caso a Chrysler, a montadora agora espera que a indústria automobilística venda 10,1 milhões de carros e caminhões nos EUA neste ano, uma redução de 7,2 milhões de unidades em relação à projeção feita em dezembro pela empresa.   Além das medidas já tomadas, a Chrysler afirmou que planeja cortar os custos fixos em US$ 700 milhões neste ano, eliminar um turno de produção, cortar 3 mil empregos e descontinuar três modelos.   A Chrysler também afirmou que atingiu um acordo para concessões da United Auto Worker (UAW), o sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva dos EUA, e que espera chegar a um entendimento com os detentores de bônus.   O presidente e executivo-chefe da montadora, Robert Nardelli, afirmou que o plano de viabilidade da companhia, melhorado pela aliança estratégica com a italiana Fiat, é a melhor opção para os empregados, sindicatos, revendedores, fornecedores e consumidores da Chrysler.   Plano   O plano de viabilidade das montadoras era uma exigência do governo para a liberação de mais recursos. No total, o plano de ajuda aprovado em dezembro liberou US$ 17,4 bilhões.  Outra exigência feita em dezembro foi a nomeação de uma pessoa do governo para supervisionar as operações das empresas, cargo que ficou conhecido como "czar" das montadoras. O presidente Barack Obama, no entanto, decidiu abandonar a ideia do "czar" e criar uma força-tarefa para reestruturar o setor. Segundo uma autoridade do governo, Obama está apontando o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, como seu "designado" para supervisionar os empréstimos para o resgate das montadoras e como o codiretor de um novo quadro de alto nível. Essa força-tarefa contaria também com o diretor do Conselho Econômico Nacional, Lawrence Summers. GM e Chrysler terão de demonstrar ao governo que estão em condições de sobreviver. Caso contrário, serão obrigadas a devolver os recursos liberados pelo governo - as duas já pegaram US$ 13,4 bilhões, e os US$ 4 bilhões restantes devem sair ainda este mês. Ontem, as empresas continuavam tentando driblar um forte empecilho a seus planos de reestruturação: a redução dos custos trabalhistas. Essa redução dependem diretamente de negociação com o sindicato United Auto Workers. Na semana passada, as conversas chegaram a um impasse, quando os negociadores trataram da contribuição das montadoras aos fundos de previdência privada para inativos. As conversas chegaram a ser interrompidas no final de semana, e foram retomadas no domingo à noite. Ontem à noite, montadoras e sindicato ainda estavam em negociações.

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