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Chrysler, Ford e GM temem quebra e pedem socorro

Montadoras foram nesta terça ao Congresso dos EUA para pedir a aprovação de socorro

Por Suzi Katzumata e da Agência Estado
Atualização:

Duas das Três Grandes de Detroit, as maiores montadoras dos EUA, estão à beira do colapso, alertaram os executivos-chefes das companhias ao Comitê Bancário do Senado. Eles pediram ajuda de emergência do governo federal para evitar o que dizem que seria uma catástrofe econômica. A Chrysler chegou a afirmar que corre o risco de quebrar.   Veja também: Paulson diz que pacote não salva economia e prevê mais ações Merkel pede frente de governos europeus por montadoras Montadoras pedem aprovação de socorro a senadores nos EUA Principais economias do mundo confirmam cenário de crise Governo já injetou mais de R$ 150 bi contra a crise financeira Governo estuda regulamentar crédito para micro empresas Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise    A perspectiva desanimadora da indústria automobilística doméstica se tornou mais sombria quando o executivo-chefe da Chrysler, Robert Nardelli, revelou que sua companhia corre o risco de ficar sem dinheiro se não receber ajuda financeira. Até terça-feira, o foco em Washington estava, em grande medida, sobre a problemática General Motors Corp, que enfrenta a crescente especulação que será forçada a pedir concordata no início do próximo ano.   "Sem um apoio financeiro ponte imediato, a liquidez da Chrysler pode cair abaixo do nível necessário para sustentar as operações no curso normal", disse Nardelli em depoimento preparado para o comitê, que foi a primeira de várias audiências programadas para esta semana no Congresso sobre a indústria automobilística. Nardelli se juntou aos executivos das rivais GM e Ford Motor para pedir US$ 25 bilhões em empréstimos de emergência para ajudar as montadoras a sobreviverem ao declínio econômico.   Os executivos defenderam a administração de suas companhias, dizendo que precisam do apoio de emergência do governo para enfrentar a crise econômica, não por falha na tomada de decisão. Eles buscaram combater as críticas disseminadas de que não fizeram o suficiente para reestruturarem suas companhias e para investir em veículos modernos mais eficientes no consumo de combustível. O depoimento dos executivos-chefes das montadores ocorre em um momento que os democratas tentam empurrar uma proposta para fornecer mais US$ 25 bilhões ao setor. Os republicanos se opõem à ajuda e ameaçam vetar o plano.   "Isto é mais do que apenas Detroit", disse o executivo-chefe da GM, Richard Wagoner, em seu discurso preparado para a audiência, argumentando que a falência de uma montadora teria efeito propagador através da economia. "É sobre salvar a economia dos EUA de um colapso catastrófico." Wagoner disse que uma súbita queda nas vendas de veículos ameaça a sobrevivência da companhia.   Também estava previsto na sessão o depoimento de Ron Gettelfinger, chefe do sindicato de trabalhadores do setor automobilístico dos EUA (UAW, na sigla em inglês). As montadoras estão queimando as reservas de dinheiro na medida que as vendas de veículos despencam e alguns analistas temem que a GM possa ser forçada a pedir concordata se não houver uma intervenção do governo.   O executivo-chefe da Ford Motor Co, Alan Mulally, disse que embora sua companhia não esteja tão em risco quanto a GM, um colapso de sua rival seria sentida nas operações da Ford "em poucos dias, se não, em horas". Ele disse que a indústria automobilística é única na qual fabricantes concorrentes são servidos pelos mesmos fornecedores de autopeças. "O colapso de uma de nossas concorrentes aqui teria um efeito propagador através de todas as montadoras, fornecedores e vendedores", disse Mulally em seu discurso, acrescentando que milhões de empregos seriam perdidos.   Boa parte dos depoimentos dos executivos foi devotado a resumir as medidas que as companhias adotaram para reduzir custos e desenvolver veículos menores, mais eficientes no consumo de combustível. A Ford, por exemplo, fechou 17 fábricas e cortou 51 mil empregos nos últimos anos, segundo Mulally. "Poucas companhias na história de nosso país reestruturaram de forma mais agressiva", disse.   Wagoner, da GM, disse que através das negociações com a UAW e outros movimentos para cortar custos, a companhia reduziu seus custos estruturais em US$ 9 bilhões, ou 23%, desde 2005. "Agimos de forma agressiva nos últimos anos para posicionar a GM para ter sucesso no longo prazo e estávamos bem no rumo para dar uma virada nos nossos negócios na América do Norte antes da crise econômica", disse o executivo.   Os empréstimos segundo a proposta dos democratas seriam por 10 anos, começando com uma taxa de juro de 5% e seriam proporcionados pelo plano de socorro financeiro de US$ 700 bilhões do governo. Mas a oposição dos republicanos ameaça aniquilar aquela proposta e pode forçar as companhias a esperarem até o próximo ano quando os democratas terão a maioria no Congresso e o presidente eleito Barack Obama toma posse. As informações são da Dow Jones.

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