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Cidades da Bahia lideram atraso em pagamentos

Segundo o BC, na região metropolitana de Salvador, 16,1% dos empréstimos pessoais estão atrasados pelo menos 15 dias

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

BRASÍLIA - O norte da região metropolitana de Salvador carrega um título incômodo. Lá, moram os brasileiros com maior índice de atraso no crédito pessoal e financiamento de veículos do Brasil e o segundo pior índice no cartão de crédito. Dados do Banco Central mostram que 16,1% dos empréstimos pessoais na região estão pelo menos 15 dias atrasados. O índice é quatro vezes maior que o visto em áreas ricas de Brasília como Lago Sul e Lago Norte, onde está o menor índice de atrasos do País.

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Mensalmente, o BC recebe dados de todas as operações de crédito concedidas a clientes que devem mais de R$ 200 aos bancos. Informações como valor da operação, prazo do empréstimo e atraso nos pagamentos são incluídas no Sistema de Informações de Crédito (SCR). A base de dados tem divisão por zona postal e os números revelam que os clientes que vivem em locais com CEP iniciado em “43” são os que mais atrasam pagamentos no Brasil. Nessa área, estão os municípios baianos de Candeias, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé e Simões Filho.

O atraso desses clientes é visto em várias operações. Enquanto o porcentual de atrasos superiores a 15 dias nos pagamentos supera 16% no crédito pessoal, o porcentual chega a 4,2% no financiamento de veículos – o maior do Brasil – e a 17,8% no cartão de crédito – segundo maior do País. No cartão, a região só ficou atrás dos moradores das cidades goianas do entorno de Brasília, como Águas Lindas de Goiás, cujo CEP começa com “72”. Lá, o índice chega a 18,7%.

O vice-presidente da Associação Comercial da Bahia, Adary Oliveira, explica que a área que mais sofre com os atrasos no crédito da pessoa física tem perfil heterogêneo: São Francisco do Conde tem uma refinaria da Petrobrás, mas o restante da região tem economia menos desenvolvida. “Há, no entanto, uma característica comum: trabalhadores qualificados, como os da indústria petroquímica, continuam morando em Salvador. O dinheiro não fica lá e quem vive nessas cidades geralmente é menos qualificado”, explica Oliveira. “É uma população pobre. Talvez o atraso seja uma consequência disso.”

Responsável por pesquisas nacionais de endividamento e inadimplência, o assessor econômico da Federação do Comércio de São Paulo, Altamiro Carvalho, concorda. “Toda correlação mostra que o nível de renda influencia nesses dados. Locais com menor renda têm maior inadimplência e atrasos mais longos. Isso faz com que o crédito seja mais caro nessas regiões, o que acaba gerando ainda mais inadimplência.”

O ranking dos maus pagadores segue com cidades baianas com CEP iniciado em “42” – como o município vizinho Camaçari –, “61” – bairros de Fortaleza e parte da região metropolitana da capital cearense – e “21” – cidades da Baixada Fluminense, como Belford Roxo, Nilópolis e Nova Iguaçu. Essas regiões têm características comuns: estão nos arredores de capitais, grande população e forte presença de famílias de baixa renda.

Do lado oposto do ranking, Brasília aparece com os melhores indicadores do Brasil. No crédito pessoal, clientes com CEP iniciado em “71” e “70” têm os menores índices de atraso do Brasil: 3,7% e 3,9%, respectivamente. Esses códigos postais são de regiões caras da capital federal, como Lago Sul, Lago Norte, Asa Sul e Asa Norte. Situação semelhante acontece no cartão de crédito e no financiamento de veículos.

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