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Cidades precisam de visão estratégica na urbanização, diz ex-prefeito de Curitiba

Para o arquiteto e urbanista, cidades precisam de projetos que unam vida, trabalho e lazer dos cidadões

Foto do author Aline Bronzati
Por Mário Braga e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

SÃO PAULO - O arquiteto, urbanista e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner disse que toda cidade precisa de visão estratégica, que seja também solidária de modo a unir vida, trabalho e lazer de seus cidadãos. Durante palestra no Summit Imobiliário 2015, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Secovi-SP, Lerner criticou o isolamento urbano nos condomínios e defendeu a integração dos moradores com seus vizinhos e com a cidade como um todo. "A maneira como o mercado imobiliário está sendo pensado está totalmente equivocada", afirmou.

A moradia intramuros dos condomínios, como definiu Lerner, traz as cidades para dentro dos limites privados, com a necessidade de oferta de serviços desde padarias a shopping centers. Este processo encarece os empreendimentos e torna a moradia inacessível para grande parte da população, alertou o urbanista. Segundo ele, é necessário pensar a moradia e o local de trabalho próximos, porque além de diminuir a necessidade de deslocamento, eliminaria a necessidade de os próprios empreendimentos oferecerem cafés, restaurantes e lugares de esportes aos seus condôminos. "Isso é a rua que vai ofertar", disse.

Para o arquiteto e urbanista, Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, cidades precisam de projetos que unam vida, trabalho e lazer dos cidadãos Foto: WERTHER SANTANA / ESTADÃO

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O urbanista também afirmou que ao se pensar projetos que diminuam a necessidade de carros, até mesmo a área ocupada pelos veículos nas vagas para estacionar no trabalho e em casa poderiam ser, pelo menos parcialmente, liberadas para um melhor aproveitamento. "Em São Paulo, existem mais de 5 milhões de veículos. Cada um usa duas vagas por dia, num total de 50 metros quadrados cada. Este é o tamanho de uma casa popular", ponderou.

Para Lerner, o mercado imobiliário passa por um momento ruim devido aos altos preços. "O mercado cai porque está caro", disse. "Para comercializar mais, é preciso tornar o produto mais acessível", argumentou. Ele disse ser possível atingir este objetivo melhorando o serviço e diminuindo a burocracia. "País subdesenvolvido é o que compra como maior novidade o obsoleto", afirmou, listando diversas instalações típicas de condomínios de grandes metrópoles. "Playground, varanda gourmet, lan house, sala kids, espaço fitness... Parem com isso!", declarou, para palmas e risos da plateia.

Antes de finalizar sua apresentação, Lerner defendeu que o mercado imobiliário precisa "sair de dentro do muro" e conviver mais com a cidade. "Deve ser 'minha casa, meu trabalho, minha cidade' e não 'minha casa, minha vida, meu fim de mundo'", afirmou, em referência ao programa de moradia popular do governo federal "Minha Casa, Minha Vida". 

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