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Ciência e tecnologia para reduzir as emissões de metano na pecuária

Especialistas do Brasil e do exterior se reuniram em evento para discutir o tema

Por JBS
Atualização:

As emissões do gás metano em rebanhos bovinos não são a principal causa do aquecimento global. Essa foi uma das conclusões do Fórum Metano na Pecuária, promovido pela JBS e Silvateam em maio, em São Paulo. O evento, que reuniu palestrantes do Brasil e do exterior, baseou-se na ciência e na tecnologia para mostrar os caminhos que vão resultar na redução do metano emitido pela ruminação dos bovinos. 

O melhor aproveitamento das pastagens por meio de operações mecanizadas, é uma das técnicas em uso para diminuir a emissão de carbono na atmosfera. Quanto mais o elemento químico estiver fixado no solo, maior será a rentabilidade para o produtor.

Palestrantes nacionais e internacionais esclareceram por que o metano não é o gás que mais acelera o aquecimento global. Foto: Wanezza Soares/ Estadão Blue Studio

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A produção da integração, especialmente pelo sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), é vista como uma ótima oportunidade, segundo mostram a prática e estudos realizados principalmente pela Embrapa.

"O desmatamento ilegal atrapalha o Brasil, o agronegócio e, com mais intensidade, a pecuária. E nós não precisamos desmatar, as áreas de pastagens que temos são suficientes. Além disso, temos tecnologia, como os sistemas integrados, que melhoram a produção e a produtividade, com menor impacto ambiental", afirma Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte.

Soluções da ciência

Em termos de produtos desenvolvidos pela ciência para reduzir o metano emitido pelos processos digestivos naturais do gado, o braço de nutrição animal da Silvateam, a SilvaFeed, oferece a possibilidade do uso de taninos, como o ByPro e o BX. De acordo com o diretor Marcelo Manella, 39 trabalhos realizados no mundo indicaram diminuição média de 30% com a utilização desses extratos vegetais, que se soma a um ganho de peso de 7,5% nos bovinos.

Outra opção para a redução de emissões entéricas é o Bovaer®, aditivo de alimentação desenvolvido pela DSM. Em setembro de 2021, o Brasil foi o primeiro mercado a conceder a aprovação regulatória para o produto, seguido do Chile. Isso tornou a América Latina a primeira região do mundo a obter esse marco. Em fevereiro deste ano, o aditivo recebeu aprovação, igualmente histórica, dos Estados membros da União Europeia. Estudos da DSM mostram que apenas um quarto de colher de chá por dia de Bovaer®, para cada ruminante, reduz as emissões entéricas de metano em no mínimo 30% para vacas leiteiras e porcentagens ainda mais altas, de até 90%, para gado de corte. A JBS está utilizando o Bovaer® no confinamento de Rio Brilhante (MS).

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A expansão dos sistemas integrados de produção no campo e o uso de aditivos para manipular a fermentação no aparelho digestivo dos animais são dois dos pilares em desenvolvimento no Brasil e no mundo para a pecuária ajudar no combate ao aquecimento global. Um terceiro, para completar o tripé, é o aumento da eficiência produtiva por meio de técnicas como melhoramento genético, nutrição, sanidade e bem-estar animal.

Nosso grande desafio é produzir mais alimentos e preservar o ambiente.Se cada um de nós fizer sua parte, venceremos o desafio da humanidade de alimentar a crescente população mundial de maneira mais sustentável

Gilberto Tomazoni,, CEO Global da JBS

Debate científico

Para o pesquisador Peer Ederer, fundador da Goal Sciences (Global Observatory on Accurate Livestock Sciences), é necessário discutir os efeitos do metano emitido pelos bovinos na atmosfera. "Há muitos equívocos, inclusive entre especialistas em temas climáticos", avalia.

Ederer defende que a principal explicação para o aumento das concentrações de metano na atmosfera não é colocada no devido contexto. Por causa do ciclo do gás na atmosfera, ele seria eliminado após cem dias pelo processo de oxidação.

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Mas o excesso de monóxido de carbono na atmosfera, devido à queima de combustíveis fósseis, está bloqueando essa reação química específica fazendo com que o metano fique até 12 anos na troposfera terrestre. O problema, portanto, estaria nas fontes de monóxido de carbono, como os setores de transporte e de energia, que usam combustíveis fósseis, além dos altos índices de desmatamento.

"Minha proposta é que tanto os cientistas brasileiros quanto os técnicos do governo se reúnam para construir uma melhor contabilidade para as emissões da poluição atmosférica de metano", informa Ederer.

Frank Mitloehner, da Universidade da Califórnia em Davis, acrescenta que é preciso ressignificar o papel que o gás desempenha no aquecimento global. "Quando se trata de gado, o metano faz parte do ciclo natural do carbono e não está sendo adicionado ao estoque atmosférico atual", explica.

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De acordo com o pesquisador, é importante notar que o metano emitido pela fermentação entérica volta para o solo após um período de aproximadamente dez anos, enquanto o CO2 permanece cem anos na atmosfera.

Arte/ Estadão Blue Studio. 
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