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Cinco capitais têm um quarto do PIB

Resultados de São Paulo, Rio, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte em 2005 confirmam concentração regional de renda

Por Irany Tereza
Atualização:

A quarta divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou a concentração regional da renda do País. Apenas cinco capitais - pela ordem, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte - responderam por um quarto do PIB nacional em 2005. No outro extremo, os cinco municípios com os menores resultados, quatro deles no Piauí, representaram 0,001% da renda produzida no País. O leque ampliado apenas dilata a desigualdade: metade do PIB brasileiro está em 51 municípios, ou seja, em menos de 10% do total, de 5.564 cidades. Já na ponta mais empobrecida é necessário juntar 1.338 municípios para chegar a 1% do PIB nacional. Na divulgação, feita ontem, o IBGE estreou uma nova metodologia que leva em conta mudanças na atividade de serviços, provocadas sobretudo por avanços tecnológicos. O resultado foi um retrato mais preciso do peso das cidades, traduzido pelo ganho de 3,2 pontos porcentuais do PIB da cidade de São Paulo, de 2004 (9,09%) para 2005 (12,2%). O Rio de Janeiro também ganhou 1,1 ponto porcentual na mesma comparação, passando de 4,7% para 5,8%. O cálculo, sobre os dados divulgados ontem, é do economista Sérgio Besserman, presidente do Instituto Pereira Passos, da Prefeitura do Rio. "É como se São Paulo tivesse incorporado uma Curitiba e o Rio, uma Porto Alegre", comentou. A técnica do IBGE Sheila Cristina Zani, coordenadora da pesquisa, destacou que, com a nova metodologia, "a estrutura produtiva está melhor medida". Ela destacou que o método de cálculo de 1998, que servia de base da pesquisa até 2004, levava a uma subestimação de serviços como informática, telefonia e incorporações. Pelos números apresentados pelo IBGE, entre os municípios com participação mínima de 0,5% do PIB nacional, 13 tiveram ganhos na participação relativa, de 2004 para 2005. Os maiores saldos ficaram com São Paulo, com 0,6%, Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, com 0,2% e Barueri, na região metropolitana de São Paulo, também com 0,2%. Besserman, que já presidiu o IBGE, não considera uma tendência a perda de participação do Rio e de São Paulo em 2005, em relação a 2002. Ele argumenta que isso ocorreu justamente por um recuo da atividade de serviços, durante a estagnação econômica de 2003 e o crescimento baseado nas exportações e commodities de 2004. Sheila chamou a atenção para o fato de o PIB municipal refletir principalmente as atividades concentradoras de renda da indústria e dos serviços. "Esse trabalho mostra onde se situam as grandes economias fora das capitais e onde estão os vazios econômicos do País."

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