07 de abril de 2020 | 20h38
BRASÍLIA - Os cinco maiores bancos do País – Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander – renegociaram até o momento R$ 130 bilhões, de um total de R$ 200 bilhões de pedidos feitos durante a crise da pandemia do novo coronavírus. Em entrevista ao Estado, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney Ferreira, disse que a crise levou uma a uma “explosão” da demanda por crédito. Com a queda brusca da atividade, do consumo e do faturamento, as empresas, em geral, estão precisando de caixa e buscando também crédito novo.
Segundo Isaac, ainda faltam analisar entre 500 mil e 700 mil de pedidos. Conforme mostrou o Estado, um levantamento divulgado na última segunda-feira, 6, pela Febraban mostrou que na crise, os cincos maiores bancos receberam 2 milhões de pedidos de renegociação, o equivalente a uma carteira de R$ 200 bilhões (saldos devedores dos pedidos). A Febraban, no entanto, não tinha informado quanto dos pedidos tinha sido aceito pelos bancos.
Os números, diz Isaac, mudam “a todo momento”, desde que os bancos anunciaram, em meados de março, a medida em resposta aos sinais mais severos da crise no Brasil. A prorrogação das parcelas está sendo feita por dois ou três meses, a depender do banco.
“Não está havendo “empoçamento” de liquidez, mas demanda elevada por crédito”, explica Isaac, que assumiu a presidência da Febraban no final de março. “O que torna essa crise bem diferente da crise de 2008. Mas seguiremos trabalhando para prover liquidez e crédito”, avalia. No último sábado, 4, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que havia um quadro de “empoçamento”, que impedia o dinheiro chegar na “ponta” para quem precisa.
Nesse cenário de crise, os bancos estrangeiros cortaram as linhas para o País, estreitando ainda mais a liquidez no mercado bancário. Segundo ele, há grande cooperação, no momento, entre o Banco Central, governo e bancos para prover a liquidez necessária ao mercado. Ex-diretor do BC e também ex-procurador-geral do banco, Isaac diz que as empresas, sobretudo de grande porte, estão demandando volumes significativos de recursos.
O Banco Central informou que os bancos relataram problemas operacionais nas primeiras semanas. “O que entendemos ser inerentes e naturais diante do volume de pedidos e do atual cenário que dificulta os contatos com os clientes, mas a dinâmica já está entrando na rotina das instituições”, diz o BC. Segundo o BC, as as renegociações são acompanhadas por meio de informações gerenciais encaminhadas pelos bancos para a área de supervisão bancária. Com o Sistema de Informações de Crédito, o BC informou que será possível confrontar os dados gerenciais com os dados contábeis de todas as instituições financeiras.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.