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Clã Espírito Santo tomou empréstimos de última hora em 2014, dizem fontes

O esquema de empréstimos está sendo examinado por reguladores financeiros de Portugal

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Por Redação
Atualização:
Grande parte da dívida acabou ficando com o Banco Espírito Santo e seus clientes, segundo fontes Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP

O império corporativo da família portuguesa Espírito Santo emitiu 5 bilhões de euros (6,6 bilhões de dólares) em nova dívida nos seis primeiros meses de 2014, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, justo quando os negócios do clã estavam se aproximando da falência.

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Os títulos foram vendidos através de um complexo esquema transatlântico envolvendo companhias no Panamá e na Europa, disseram as pessoas. Grande parte da dívida acabou ficando com o Banco Espírito Santo e seus clientes, acrescentaram as fontes, acelerando os problemas financeiros que levaram ao resgate estatal do banco no começo deste mês.

O esquema de empréstimos de última hora revelado pela Reuters está sendo examinado por reguladores financeiros de Portugal que tentam determinar se ele era permitido legalmente, segundo pessoas próximas à averiguação.

Isso lança nova luz sobre até onde a maior dinastia corporativa de Portugal foi para salvar seu império do colapso, misturando assuntos da família com assuntos do então maior banco listado do país, no qual até recentemente o clã era o maior acionista único.

O colapso do grupo Espírito Santo, com 145 anos de existência, causou turbulência nos mercados internacionais e balançou o mundo corporativo e político de Portugal.

Reguladores e promotores estão averiguando possíveis comportamentos fraudulentos por trás da queda. Como parte da investigação, reguladores estão analisando como os títulos emitidos nos primeiros seis meses do ano foram agrupados, anunciados e vendidos para clientes, segundo pessoas familiarizadas com a investigação.

A Espírito Santo International (ESI), companhia da família que engloba outras empresas, está sob proteção judicial e não pôde ser contatada para comentar o tema. O Espírito Santo Financial Group (ESFG), outra companhia da família agora sob proteção judicial, também não pôde ser contatada.

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O Novo Banco, que foi criado após o resgate do Banco Espírito Santo, não quis comentar sobre os títulos. O banco indicou comunicados anteriores nos quais disse que todos os clientes de varejo que compraram dívida de prazo muito curto das companhias Espírito Santo receberão seus pagamentos.

(Por Sergio Goncalves e Laura Noonan)

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