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Cliente com doenças preexistentes são rejeitados

Pessoas que tiveram doenças graves encontram dificuldades ao contratar um plano de saúde. Muitas vezes o pedido é negado sem maiores explicações, mas a lei obriga as empresas a oferecer cobertura para esses pacientes.

Por Agencia Estado
Atualização:

Há pouco mais de cinco anos, Inês (o nome é fictício), de 52 anos, teve câncer de mama. O tumor era pequeno, ela foi operada e hoje está curada. A Porto Seguro negou-se a fazer seu seguro-saúde. A notícia chegou por meio de sua corretora, depois de Inês ter-se submetido a questionário e apresentado cópias de exames comprovando que está bem. "O desgaste de uma situação como essa é terrível", conta ela, indignada. "É um jogo de gângsteres", desabafa. "As empresas fazem o que querem." Pela lei, as operadoras de planos de saúde são obrigadas a oferecer cobertura para pacientes com doença preexistente, como Inês. Essas pessoas têm duas opções: pagar mensalidades mais caras ou cumprir carência de dois anos para procedimentos relacionados à doença. Inês não teve escolha e o problema que enfrenta é comum. As empresas descumprem a lei, alegando não disporem de dados suficientes para calcular a mensalidade desses pacientes. "É risco", disse a funcionária da Porto Seguro para a corretora de Inês, quando perguntada sobre os motivos da recusa. Inês denunciou o caso para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Dentro de 45 dias, um fiscal pedirá explicações para a Porto Seguro. Caso é antigo A experiência de Inês com planos de saúde é antiga. "Aprendi muito com meus pais, quando ficaram doentes e dependeram da assistência de convênios." Ela lembra que antes da regulamentação do setor os auditores médicos manipulavam dados, justificando ausência de cobertura para esse ou aquele exame por tratar-se de doença preexistente. Mesmo com a lei garantindo cobertura nesses casos, Inês acredita que as empresas consigam brechas. Em 1997, ela já havia enfrentado a barreira imposta por uma doença preexistente. Cliente do seguro Hospitaú, hoje administrado pela Omint, recebeu carta oferecendo um plano mais abrangente. "Como tinha interesse, liguei para eles, respondi a um questionário e também recebi resposta negativa. Não me aceitaram." Depois da nova regulamentação dos planos, Inês conseguiu que a Omint calculasse um plano para ela. "Mas o valor era de R$ 1.200 e então desisti." Sem conseguir um plano de saúde completo para suas necessidades, Inês tem dois: um seguro com o Hospitaú para assistência hospitalar e um plano empresarial com a Interclínicas para consultas e exames de rotina. Mesmo assim, sente-se insegura. Quando precisa de exames, o caminho é tortuoso na Interclínicas. "Tenho meu médico particular e, quando ele me pede exames, tenho de passar pelo médico da Interclínicas para obter autorização." De uma visita ao médico, outra ao laboratório e o retorno ao médico, Inês faz uma verdadeira via-sacra. "Como pode ser tão difícil fazer exames essenciais para a prevenção de doenças?"

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