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Cliente compra vários chips para pagar mais barato

Consumidor, que já fala à vontade ao usar várias operadoras, agora almeja um novo passo: o acesso à internet pelo celular

Por Marina Gazzoni
Atualização:

A auxiliar de cozinha Viviane Alves dos Santos, 27 anos, é "viciada" em promoções de operadoras de telefonia. Cada vez que vê uma oferta interessante, compra um chip pré-pago para pagar menos nas ligações -e tenta convencer seus amigos a fazerem o mesmo. Se a promoção acabar ou aparecer outra melhor, ela joga fora o chip. "Já perdi uns 20", conta.O primeiro celular de Viviane foi da Vivo, comprado há dez anos. Mas, em 2008, quando a Oi chegou a São Paulo, comprou um chip para aproveitar a promoção que dava R$ 20 de bônus por dia. Depois, comprou chips da TIM e da Claro, quando julgou que a promoção valia a pena. Perdeu muitos números por não recarregar a linha, e outros de tanto abrir o celular para substituir o chip para ligar para um número de outra operadora.Assim como Viviane, muitos consumidores, principalmente da classe C, aproveitaram a guerra de preços das operadoras de telefonia para falar mais ao celular pagando menos. Todas as empresas oferecem desconto para ligações para números da mesma operadora, o que motivou o consumidor a manter mais de uma linha. Isso explica, em parte, porque no Brasil havia em junho 254 milhões de linhas ativas para 190 milhões de habitantes. "As operadoras entenderam a lógica da classe C e oferecem os produtos certos para eles", disse a diretora executiva da consultoria Plano CDE, Luciana Aguiar. "Mas esse consumidores também não abrem mão da qualidade do serviço. Um dos primeiros fatores que consideram na hora de escolher a operadora é se ela pega no seu bairro", disse.A estimativa da consultoria é que nove a cada dez jovens de baixa renda tenham telefone celular. E cerca de 20% deles têm mais de uma linha ativa, segundo pesquisa de outubro de 2011 com pessoas de 14 a 30 anos.Mas não é apenas a população de baixa renda que mantém várias linhas para economizar. O gerente imobiliário Aluizio Delizia e os cinco corretores da empresa mantêm celulares da Claro, Oi, TIM e Vivo. "É um transtorno, mas mantemos as linhas porque as empresas cobram uma tarifa absurda nas chamadas para outras operadoras", disse Delizia, que estima que gastaria o triplo na conta de telefone se tivesse apenas um número.Uma estratégia agressiva de preço, vendas e marketing puxou o crescimento do mercado de telefonia móvel. A TIM, por exemplo, vende chip de R$ 5 com R$ 10 em crédito. A Oi dá R$ 20 em bônus por dia durante um mês para recarga de R$ 12. A preferência do brasileiro ainda é pelas linhas pré-pagas, que somam mais de 80% do mercado. Para a executiva da Plano CDE, o serviço se encaixa perfeitamente nas necessidades dos consumidores de baixa renda, que muitas vezes têm renda variável e não querem se comprometer com o pagamento de uma conta mensal. "Esses clientes têm uma percepção de desperdício em relação ao pós-pago. No pré, se não usar, ele não paga nada", explica Luciana.Rudemberg Costa, que trabalha em uma empresa de eventos, sentiu na pele o que é isso. Ele aderiu a um plano pós-pago da Claro para ligações, mas a conta trouxe também gastos com uso de rádio e web. "Nem sei usar isso", disse Costa, que tentou cancelar a linha e não conseguiu. "Me disseram que só posso cancelar em seis meses. Caí no besteirol da promoção", disse.A maioria dos clientes de baixa renda ainda não tem internet no celular. Pesquisa da Plano CDE aponta que o acesso à internet é a sétima na lista de uso, atrás de fotos, mensagens e música. Mas a função é a mais desejada por esses consumidores.

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