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CNA diz que indústria pressiona por redução no preço do leite

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rodrigo Alvim, denunciou hoje a ameaça que os produtores de leite estão recebendo da indústria para reduzirem os preços do produto, em plena entressafra do setor. "Algumas indústrias lácteas simplesmente comunicaram ao produtor que vão reduzir o preço porque tiveram que absorver o aumento das cotações do produto importado", observou. Rodrigo Alvim disse que não há razão para a pressão feita pelas indústrias - a maior parte delas grandes multinacionais - porque a safra começa apenas no mês que vem nas grandes bacias leiteiras do Centro-Sul e não existem excedentes no mercado interno. O problema, segundo ele, é que a indústria quer descontar nos agricultores o custo que vem tendo com o leite importado. "Com o preço que eles pagam pelo leite importado, poderiam pagar R$ 0,50 pelo litro do leite ao produtor, em vez dos atuais R$ 0,38", afirmou. A indústria está importando leite em pó da Argentina, por US$ 1.340,00 a tonelada e vendendo o produto no mercado interno ou usando para fabricar derivados, como creme de leite, destinado à exportação, informou Alvim. As importações de leite em pó foram de 10,13 mil toneladas em agosto passado, quantia que representou 281% a mais que o mesmo mês no ano passado, segundo dados coletados pela CNA junto à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento. No total, entre leite em pó e produtos lácteos foram importadas 20,91 mil toneladas em agosto último. No acumulado de janeiro a agosto as importações de lácteos somaram US$ 174,34 milhões, com a aquisição de 153,08 mil toneladas. No mesmo período do ano passado esses valores foram de US$ 141,72 milhões e 112,92 mil toneladas, respectivamente. As compras externas de soro de leite, cuja Tarifa Externa Comum (TEC) para países que não integram o Mercosul foi elevada de 15,5% para 27% na semana passada, foram de 28,48 mil toneladas, com uma despesa de US$ 19,12 milhões. Rodrigo Alvim diz que o aumento das importações ocorreu porque a forte queda nos preços registrada no ano passado desestimulou os investimentos no setor em pastagem, ração nutricional, silagem e genética. "Em função disso, o aumento da produção de leite neste ano ficará entre 2% a 2,5%, taxa que não é suficiente nem mesmo para atender o crescimento vegetativo da população", afirmou. Para enfrentar a pressão da indústrias de laticínios, o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA defendeu a inclusão do produto na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) do governo. Com essa medida a indústria poderia receber financiamentos do crédito rural para EGFs (empréstimo onde o próprio produto entra como garantia), com juros de 8,75% ao ano, e comprar o produto para estocagem. Com a concessão do crédito, a indústria poderia aguardar o melhor momento no mercado internacional para fazer a exportação. Alvim disse que é importante para as empresas manterem os mercados que conquistaram no exterior. As exportações de lácteos, segundo ele, foram de US$ 26 milhões de janeiro a agosto último, o que representou um aumento de 142,9% em relação a igual período do ano passado. A proposta para inclusão do leite na PGPM foi entregue ontem pela CNA ao ministro da Agricultura, Pratini de Moraes. Rodrigo Alvim disse que o ministro prometeu submeter o assunto ao Conselho Monetário Nacional (CMN) na reunião prevista para o final deste mês.

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