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CNA reduz estimativa de crescimento do PIB agrícola

Projeção atual prevê crescimento de 9% a 9,5%, contra a estimativa de 11% a 12% antes da crise financeira

Por Fabiola Salvador
Atualização:

A crise internacional que limitou a oferta de crédito e derrubou o preço das matérias-primas (commodities) agrícolas no mercado internacional levou a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) a revisar para baixo a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio em 2008. A projeção atual prevê crescimento de 9% a 9,5%, contra a estimativa anterior que era de 11% a 12% no período que antecedeu a crise. No ano passado, o PIB do setor foi de R$ 582,6 bilhões, o que representou um crescimento de 7,88%. A assessora técnica da CNA, Rosimeire Santos, explicou que o bom resultado do PIB no primeiro semestre do ano permite projetar um crescimento próximo de 10% em 2008. No acumulado do ano até julho, o PIB do agronegócio cresceu 6,79%, mostram números da CNA e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP). A CNA também reduziu as expectativas de exportação de produtos agrícolas. No mês passado, a CNA havia estimado que os embarques do agronegócio renderiam US$ 74 bilhões. Hoje, a previsão é de embarques de US$ 72 bilhões. As importações também devem ser menores e somar US$ 11 bilhões, contra US$ 12 bilhões da previsão anterior. No ano passado, as importações de produtos agrícolas custaram US$ 8,7 bilhões. "Com o dólar volátil a tendência é de queda nas importações", disse o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior da CNA, Matheus Zanella. Com a falta de crédito resultante da crise financeira internacional, a CNA pretende encaminhar ainda hoje aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, um pedido para adiamento do pagamento das dívidas de investimento que vencem no dia 14 de outubro. O pedido é para prorrogação para 30 de maio de 2009. Essas dívidas somam R$ 5 bilhões. O outro pleito é para que seja flexibilizada a resolução 2.682 de 1999 que define os critérios para a classificação de risco das operações do crédito rural. Com essa flexibilização, explicou a técnica, todos os produtores terão acesso ao crédito rural, o que não acontece agora. Reunião O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, relatou hoje que conversou ontem com seu colega da Fazenda, Guido Mantega, sobre as medidas emergenciais de apoio ao setor rural. Na conversa, Mantega disse que estaria de volta a Brasília na quarta-feira da próxima semana e que, então, os dois se reuniriam para tratar dessas medidas. O ministro Mantega embarcará hoje para Washington. Stephanes disse que as medidas que estão sendo pleiteadas pela Agricultura foram discutidas entre técnicos dos dois ministérios. A Agricultura pede a liberação de pelo menos R$ 10 bilhões para o setor. A metade desse valor seria disponibilizada aos bancos privados por meio da liberação dos compulsórios. Essa parte, segundo o ministro, é "mais fácil". A segunda medida é a venda de dólares para as tradings, com o compromisso de recompra. Essa alternativa permitiria que as tradings voltassem a emprestar recursos para os produtores rurais.

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