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CNC prevê consumo aquecido no 1º trimestre do ano

Por ALESSANDRA SARAIVA
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O primeiro trimestre de 2011 deve contar com um consumo ainda aquecido, impulsionado principalmente por famílias mais pobres. A tendência também é de aumento do nível de inadimplência. A análise foi feita pelos economistas da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fábio Bentes e Bruno Fernandes, que avaliaram as pesquisas de Intenção de Consumo das Famílias e de Endividamento e Inadimplência do consumidor, ambas referentes a janeiro, anunciadas hoje pela CNC.Segundo Bentes, a queda de 2,9% no indicador de intenção de consumo das famílias em janeiro deste ano ante dezembro de 2010 foi a mais forte desde o início da pesquisa, em janeiro do ano passado. No entanto, ele disse que este recuo é explicado por fatores sazonais. "Em dezembro, tivemos uma alta recorde na intenção de consumo (de 3,1%), por conta das compras relacionadas ao Natal. Em janeiro, o interesse por compras diminui naturalmente, por conta de uma alta expressiva já ocorrida em dezembro. Não há mais aquela euforia, devido ao pagamento do 13º salário", explicou.Bentes disse ainda que o ano de 2010 contou com vendas recordes no varejo. Segundo ele, o ano passado foi marcado por condições muito favoráveis para as compras, como benefícios fiscais estimulando as vendas de bens duráveis e uma oferta mais ampla de crédito. "As vendas do varejo devem encerrar 2010 com alta recorde de 11,2%, nos dados apurados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Mas mesmo com a perspectiva de oferta mais restritiva de crédito este ano, por conta das medidas anunciadas pelo governo, as vendas do varejo em 2011 devem subir 8,3%", afirmou o especialista. "Para se ter uma ideia, o recorde atual nas vendas do varejo é o de 2007, com alta de 9,7%. Ou seja, é muito próximo", disse. Ele argumentou que o mercado de trabalho continua, no início do ano, a apresentar bons resultados, com impacto positivo no poder aquisitivo do brasileiro.Os aumentos no patamar de salário mínimo contribuíram para a continuidade da trajetória de alta no consumo entre os mais pobres. O técnico informou que, em janeiro, somente entre os pesquisados com ganhos até dez salários mínimos, o indicador de intenção de consumo das famílias subiu 9,6% contra dezembro - sendo que, no mesmo período de comparação, entre famílias com renda acima de dez salários mínimos, o índice caiu 2,6%.Por sua vez, o economista Bruno Fernandes comentou que a inadimplência do consumidor deve subir no primeiro trimestre de 2011. Ele explicou que, no início do ano, o brasileiro costumeiramente conta com um nível maior de despesas, como pagamento de mensalidades escolares, material escolar e impostos. Ou seja: o consumidor pode desviar recursos para pagar estas despesas e deixar de pagar dívidas já tomadas. Ele comentou, no entanto, que ao longo do ano, o interesse do brasileiro por empréstimos deve recuar devido a juros mais elevados - cenário influenciado pelas recentes medidas do governo, de aumento nos depósitos compulsórios.

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