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CNI defende queda de 1 ponto porcentual da taxa Selic

Por LEONARDO GOY
Atualização:

O economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, defendeu hoje que o Banco Central reduza em um ponto porcentual a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne hoje e amanhã para definir a taxa Selic. Em entrevista para comentar os dados de novembro dos indicadores industriais, ele ressaltou que a expectativa da CNI até o final do ano passado era de que a Selic só seria reduzida em 0,50 ponto porcentual neste encontro. "Mas concluímos que cair um ponto é uma sinalização importante que não coloca as metas de inflação em risco", disse Castelo Branco. Ele ressaltou que há um grande espaço para a redução dos juros nos próximos meses. "Além disso, é preciso atuar em cima do spread também, como, por exemplo, colocando condições para uso do compulsório ou implementando um cadastro positivo." Castelo Branco afirmou que a política monetária tem se mantido inerte diante dos esforços de outras áreas do governo para impulsionar o crédito. "A política monetária tem que se mostrar ativa nos próximos meses. Praticamente todos os bancos centrais do mundo já baixaram os juros", disse. Flexibilização O economista-chefe da CNI defendeu o uso, pelas empresas, de mecanismos já existentes na legislação trabalhista que permitem, por exemplo, reduzir a jornada de trabalho e os salários como maneira de combater os efeitos da crise e minimizar as demissões. Segundo ele, esses mecanismos têm de ser vistos como fatos transitórios. "A crise torna necessária flexibilizações que permitem ajustes momentâneos e transitórios, que mantenham o vínculo de trabalho", disse. Além da redução da jornada com diminuição de salário, ele citou a possibilidade de suspensão temporária do contrato de trabalho, mas destacou que esse tipo de negociação se dá no ambiente micro, dentro de cada empresa. Castelo Branco admitiu ter ficado surpreso com a profundidade do estrago da crise no mercado de trabalho, revelado ontem nos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho. Ele ressaltou que os dados de novembro da CNI divulgados hoje ajudam a entender o comportamento do mercado de trabalho em dezembro. Ele se referia ao grande descompasso entre o faturamento e as horas trabalhadas em novembro. Enquanto as vendas tiveram uma profunda queda, de 9,9% ante outubro, as horas trabalhadas recuaram apenas 1,5%. A queda das vendas maior do que a retração na produção nas fábricas levaria obrigatoriamente a um ajuste, mostrado nos dados do Caged de dezembro. O economista da CNI acredita que até fevereiro deste ano deverão ser verificados ajustes para baixo no mercado de trabalho. Ele alertou, no entanto, que uma eventual frustração de expectativas em relação ao Banco Central na redução dos juros básicos poderá levar a um ajuste mais intenso na economia como um todo, com impactos ainda mais negativos no emprego. Questionado se defende novas flexibilizações na lei trabalhista, ele disse que podem ser usados os mecanismos existentes e, "se precisar, poderão ser estudados novos instrumentos emergenciais e temporários".

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